O aumento de casos de aids e outras doenças sexualmente transmissíveis em Maringá e região vem preocupando os órgãos competentes da cidade e demonstrando a migração crescente da doença para o interior. O número de casos levantados pela Secretaria Municipal de Saúde, somente nos primeiros seis meses deste ano chega a alcançar média de um registro a cada quatro dias entre Maringá e os 29 municípios que compõem a 15.ª Regional de Saúde do Estado.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, a regional ocupa o segundo lugar em números de casos de aids no interior do Estado, ficando atrás somente de Londrina. Maringá e região têm hoje cerca de 1.300 pessoas que já desenvolveram a doença, contra quase 1.600 nas regiões de Londrina (com mais que o dobro da população) e Foz do Iguaçu, com cerca de 750 casos – o terceiro maior número do interior do Estado. ?Apesar de os maiores coeficientes estarem ainda nas grandes cidades, existe uma preocupação muito grande com a interiorização da doença?, analisa a coordenadora do Programa Estadual DST/aids, Ivana Kamenske.
Em Curitiba e Região Metropolitana, que abrigam quase 2,5 milhões de habitantes, foram registrados até hoje 7.561 casos de aids, mas o alto número é característico de capitais e suas áreas de influência. ?É muito mais grave um novo registro de aids em uma cidade de mil habitantes do que em uma de um milhão?, diz a especialista. ?A migração da doença nos leva à necessidade de trabalhar prevenção também nas cidades menores, sem poder contar com as antigas classificações de grupos de risco e incluindo todas as faixas etárias.?
Alvos
Nas cidades do interior, há observação de outra característica: a doença acomete cada vez mais mulheres. Quem relata é a chefe da seção de epidemiologia da 15.ª Regional de Saúde, Noriko Mizuta. ?Elas estão cada vez mais vulneráveis a contrair o vírus, mesmo as que têm um só parceiro. Isso porque a confiança faz com que acabem não mais exigindo o preservativo.? O número de mulheres infectadas abaixo de 19 anos registrado na 15.ª regional é quase 10% superior ao de homens da mesma faixa etária.
Outro alvo do programa na cidade são as profissionais do sexo, grupo em que, segundo Noriko, os números crescem significativamente. ?Muitas vezes elas vêem o risco no cliente e exigem o preservativo, mas com o parceiro ou namorado não, pela afetividade. O problema é que justamente esse parceiro é quem pode estar em situação de risco?, explica.
Para pôr em prática ações de prevenção, o programa DST/aids em Maringá promoverá eventos diversos para esclarecimento à população. Um deles, o 1.º Simpósio de Sexualidade na Adolescência e da Terceira Idade, acontece na próxima terça-feira. O evento será gancho para a 2.ª Conferência Municipal de DST/HIV/aids de Maringá, marcada para o próximo sábado.