Depois de mais de 20 anos enterradas no solo onde funciona a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Maringá, noroeste do Paraná, as quatro toneladas do agrotóxico conhecido como BHC (hexabenzeno de cloro), muito utilizado até o início da década de 80 em plantações de café, começaram ontem a serem retiradas do local. O produto foi banido em todo o País no início da década de 80 por ser considerado altamente tóxico.
O coordenador regional da Funasa, Rômulo Henrique da Cruz, diz que o processo para retirada do material poluente iniciou no ano passado. Ele explica que a Funasa pretende entregar o edifício onde funciona no município e que não poderia ignorar toda essa carga.
“A Funasa estava ciente desse material e não poderíamos sair sem lidar com esse passivo. A demora deve-se porque existia a necessidade de ter um processo de licitação, para ver quem iria fazer a retirada”, explica.
Ele diz ainda que houve uma certa demora para conseguir as licenças de retirada e transporte do BHC. “Esse produto é muito nocivo à saúde. Cercamo-nos de todas as preocupações ambientais necessárias para fazer essa retirada e isso levou algum tempo”, avalia.
De acordo com o chefe regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Paulino Mexia, a retirada deve durar até amanhã, caso as condições climáticas sejam favoráveis.
“Esperamos que não chova nesses dias, pois o trabalho ficaria prejudicado e não podemos deixar esse produto exposto no meio ambiente devido a sua toxicidade”, diz.
Mexia comenta que uma autêntica operação de guerra foi montada para dar um fim ao agrotóxico. “O BHC e o solo do entorno de onde ele estava enterrado estão sendo armazenados em tambores especiais. Os trabalhadores utilizam máscaras e roupas para evitar a contaminação com o produto. Após a conclusão da retirada de todo o material tóxico, incluindo também os equipamentos das pessoas que fizeram esse trabalho, será transportado até Taboão da Serra (SP) para ser incinerado”, revela.
O local onde o BHC está enterrado foi isolado para o trabalho. Não há residências próximo a esse espaço, contudo, há uma escola municipal que está em reformas. Mexia garantiu aos operários que o trabalhador que não se sentir bem, receberá todo o suporte necessário do IAP.