Cerca de 1,5 mil agricultores paranaenses são esperados hoje (19), na Lapa, a 70 km de Curitiba, para a 1ª Feira da Agrobiodiversidade, que comemora os 4 anos de fundação da Escola Latino- Americana de Agroecológia (Elaa), os 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de dez anos do Assentamento Contestado.

continua após a publicidade

No assentamento, onde fica a sede da escola, vivem 108 famílias que produzem verduras, legumes e frutas de forma agroecológica, respeitando o meio ambiente sem o uso de agrotóxicos. Elas produzem o próprio sustento, vendem para o comércio local e entregam alimentos para entidades filantrópicas da região, comprados por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do governo federal.

Durante a feira haverá a apresentação da trajetória de luta do assentamento e da construção da escola agroecológica, debates sobre a história do MST e sobre a importância da agrobiodiversidade e agroecológia. A Escola foi criada a partir de uma parceria entre a Via Campesina, o governo da Venezuela, governo do Paraná, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o MST.

Segundo Luiz Clóvis, da coordenação pedagógica, o projeto tem sido fundamental para a articulação da Via Campesina na América Latina. ” A escola forma jovens tecnólogos, filhos de agricultores de vários movimentos sociais que depois retornam as suas comunidades e aplicam os conhecimentos adquiridos em três anos de curso. Eles contribuem no avanço deste modelo de produção no campo.”

continua após a publicidade

No mês de maio deste ano foi realizada a primeira formatura da escola. Concluíram o curso os primeiros 52 tecnólogos em agroecologia do Brasil. Atualmente, outros 70 educandos dão continuidade ao curso e em outubro começa a terceira turma. “São jovens de vários estados brasileiros e dois são do Paraguai.”

Segundo Luiz Clóvis, hoje à tarde durante a feira, serão mostradas as experiências das famílias camponesas com a agrobiodiversidade e discutidos os avanços necessários.

continua após a publicidade

“As famílias camponesas muitas vezes perdem para grandes empresas multinacionais que se apropriam das leis de patente como no caso das sementes. Os transgênicos são uma grande ameaça à autonomia dos agricultores. A dominação da tecnologia está concentrada nessas empresas.”

Segundo ele, o agricultor tem que retomar sua capacidade de produzir suas próprias sementes, cultivar e vender de agricultor para agricultor, ou da cooperativa para os associados.