O trator e a propriedade em Contenda, do agricultor Félix Wojcik, foram leiloados ontem pela manhã no Fórum da Lapa. Como só havia Félix e o Banco do Brasil participando, foi o agricultor mesmo quem arrematou os bens, com um lance um pouco acima do mínimo determinado – R$ 45.050,00 pelo terreno e R$ 10.050,00 pelo trator. Félix disse que para pagar esse valor ao banco, ele precisará vender o trator e buscar algum outro jeito de conseguir o dinheiro.

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Mesmo pagando a quantia, o agricultor continuará com uma dívida de quase R$ 100 mil junto à instituição. Segundo o advogado que representa o banco no processo, Victor Geraldo Jorge, o restante da quantia deverá ser fruto de novas negociações.

Jorge afirma que o agricultor terá 30 dias para pagar o valor ao banco. Do contrário, os bens serão revertidos para a instituição. ?Isso é uma pequena concessão que o banco está fazendo para que ele possa conseguir arranjar o dinheiro, pois em geral ele teria que pagar em três dias?, afirma.

Segundo Jorge, o banco só pode fazer concessões dentro de normas estabelecidas, sob o risco de ser responsabilizado pelo Tribunal de Contas da União. ?Quem pode fazer alguma coisa pelos agricultores é o governo federal, que detém controle acionário de 51% da instituição?, considera. Jorge afirma que das 150 ações que está representando na Comarca da Lapa, 120 são referentes a débito rural de agricultores da região.

Ação pública

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No momento em que acontecia o leilão, cerca de cinqüenta agricultores estavam em frente ao Fórum da Lapa em solidariedade a Félix. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Contenda, Miguel Treziak, informou que os agricultores da região estão entrando com uma ação civil pública pedindo a suspensão do leilão e de outros processos de dívida de agricultores, bem como a prorrogação das dívidas numa faixa mínima de 10 anos, com três de carência. A ação foi proposta pelo promotor de justiça da Lapa, Rui Riquelme Macedo, e ainda ontem foi protocolada em cartório. Podem participar da ação todos os produtores que tiverem ação na comarca, em torno de 120, e tiverem até 50 alqueires de terra. ?Esse é o caminho do momento, já que as negociações não foram muito viáveis por parte do banco. A situação é de caos social?, explica o assessor jurídico da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), João Batista de Toledo, que defende 22 agricultores da região de Contenda.