Uma pesquisa sobre a percepção da sociedade em relação à violência e assassinatos de mulheres, encomendada pela Secretaria Municipal da Mulher de Curitiba, mostra que a agressão às mulheres e o abuso sexual estão entre os crimes que mais chamam a atenção da população na Capital.
Ficam atrás das agressões às crianças, assassinatos em geral, roubo e assaltos e o tráfico de drogas.
Realizado pelo Instituto Bonilha, o levantamento foi feito com 1.600 pessoas entre homens e mulheres maiores de 16 anos, nas nove regionais da cidade, durante o mês de novembro de 2013. Veja parte do resultado da pesquisa Aqui
Do total de entrevistados, 77% acreditam que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos. Apesar disso, a maioria (60%) também respondeu que acredita que a casa ainda seja considerado o lugar onde as mulheres se sentem mais seguras.
Entre os entrevistados, 68% afirmam conhecer uma mulher que já sofreu agressão verbal por parte do marido, namorado, companheiro, seja atual ou ex e 60% conhecem alguma mulher que foi vítima de agressão física.
“Esse dado é importante porque, na maioria das vezes, as pessoas não percebem a agressão verbal como agressão de fato, mas ela é a porta de entrada das demais formas de violência contras as mulheres”, disse a secretária da Mulher de Curitiba, Roseli Isidoro.
“O que começa com uma agressão verbal, evolui para um empurrão, tapa, até o espancamento ou o assassinato”, considerou a secretária municipal. Entre as mulheres, a percepção é ainda maior: 74% delas conhecem alguma mulher que sofreu agressão verbal e 65%, alguma que foi vítima de agressão física.
Risco de morte
A pesquisa mostrou também que os entrevistados avaliam que a mulher vítima de violência corre perigo extremo de ser assassinada quando decide romper a relação e quando denunciam o agressor à força polícial.
Outro dado revelador da preocupação da sociedade em relação à violência doméstica é o que aponta que 81% dos entrevistados concordam em denunciar o crime mesmo sem o consentimento da vítima.
“É uma mudança de comportamento e quebra com o tabu de que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Esses 81% de entrevistados podem ser consideradas pessoas que denunciariam a violência, mesmo que a mulher não queira”, acrescentou Roseli.
O estudo constatou que as mulheres constantemente agredidas não se separam dos maridos por causa dos filhos, por medo de serem assassinadas ou por vergonha de que os outros saibam que elas sofrem violência. Um terço dos entrevistados acredita que elas não se separam por dependência econômica.
Lei Maria da Penha
Além de mapear a preocupação da sociedade com relação à violência, a pesquisa levantou ainda a percepção sobre o que mudou com a lei de enfrentamento à violência doméstica e as avaliações sobre as respostas do poder público e dos organismos competentes frente ao problema.
O estudo mostra que e apenas 2% da população não ouviu falar da Lei Maria da Penha e que, para 78% dos entrevistados, as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência doméstica após a existência da lei.
Apesar de a legislação ser massivamente conhecida (98%), as respostas apresentadas pelo poder público ainda dividem opiniões. Embora 64% acreditem que a punição dos assassinos das parceiras é maior hoje do que no passado, 76% da população consideram que a forma como a Justiça pune não reduz a violência contra a mulher.
Pesquisa
Esse estudo teve por objetivo levantar a percepção dos curitibanos sobre a violência e assassinatos de mulheres, bem como sobre a oferta, a qualidade e a estrutura dos serviços disponíveis e ao alcance das vítimas.
Al&,eacute;m disso, possibilita medir o conhecimento das pessoas sobre o funcionamento dos serviços prestados pelas instituições da Rede de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência no Município de Curitiba.
Entre os tópicos enfocados, a pesquisa revelou a percepção do crime que mais acontece em Curitiba; sobre o aumento da criminalidade nos últimos 5 anos, em especial contra as mulheres; quanto à igualdade de gênero; proteção oferecida pela legislação às mulheres; responsabilização e punição do agressor.
“Os indicadores da pesquisa reforçam a decisão acertada do prefeito Gustavo Fruet de tratar o tema da violência contra a mulher com a devida atenção que ele merece, inclusive lançando no próximo dia 8 de março a Patrulha Maria da Penha. Também reforçam o alinhamento com as ações do governo federal, como a Casa da Mulher Brasileira”, disse Roseli Isidoro.
O decreto para a criação da patrulha será assinado pelo prefeito no sábado (08), no Memorial de Curitiba, no Dia Internacional da Mulher