O Sindicato dos Trabalhadores em Trânsito está denunciando as constantes agressões verbais, e em muitos casos físicas, que os agentes de trânsito em Curitiba vêm sofrendo. No último mês foram registrados sete casos e na semana passada mais quatro. O presidente do sindicato da categoria, Valdir Maestriner, cobra mais apoio da Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo na capital, e a implementação de medidas educativas para a população.
A maioria das agressões ocorre contra mulheres e são feitas por homens. Uma das agentes, que não quis se identificar, conta que além das agressões verbais, já foi agredida com a própria prancheta que usa para as anotações. Quando comunicou o fato à empresa, teria recebido a orientação para não registrar queixa pois não havia lesão e o processo é demorado. “Fiquei semanas com medo de me aproximar dos usuários, com medo de passar por aquilo mais uma vez”, diz.
Outra agente também sofreu agressão física. A pessoa que foi multada por estacionar em local proibido ficou com raiva e pegou o auto de infração e esfregou no rosto dela, fazendo várias ameaças. Com a ajuda do sindicato, ela se prepara para entrar com processo na Justiça. “A gente representa a empresa e cumpre as normas estabelecidas por ela. Queríamos mais apoio para realizar o trabalho”, fala. Elas enumeram ainda situações onde uma colega teve uma arma colocada em seu rosto e outra que levou um soco e quebrou um dente. Na semana passada uma motorista atingiu uma das agentes nos seios, causando hematomas.
“Falta apoio”
Para Valdir, a Urbs apenas diz que apóia os funcionários, mas na prática isso não ocorre. Segundo ele, depois que esses casos acontecem, a empresa pergunta ao profissional se ele tem condições de voltar ao trabalho e a pessoa se sente pressionada a dizer sim. No entanto, a assessoria de imprensa da Urbs afirma que uma assistente social faz a avaliação para saber as condições da agente e nunca ninguém foi orientado a não entrar com processo.
Valdir também diz que a empresa deveria entrar junto com os funcionários nas ações que correm na Justiça. “O funcionário fica sozinho, desamparado”, fala. Mas segundo a assessoria, a Urbs mantém atendimento jurídico.
Por último, o sindicato cobra campanhas mais efetivas para esclarecer a população sobre qual é o papel dos agentes de trânsito e também para onde vai o dinheiro arrecadado. “Se nós não controlássemos o estacionamento, não haveria vagas no centro da cidade. Além disso, também ajudamos a organizar o trânsito”, fala uma das agentes. Valdir afirma que a população não gosta das agentes devido às multas, mas lembra que 80% delas são registradas por equipamentos eletrônicos. Segundo a assessoria existe um programa permanente de conscientização. Hoje existem 500 agentes de trânsito trabalhando na capital.