Há um ano e sete meses, 70% dos presos
de delegacias têm recebido visitas
periódicas de agentes de saúde.

A boa vontade e dedicação de médicos e enfermeiros de unidades de saúde próximas a distritos policiais têm melhorado as condições de saúde e higiene de muitos detentos de Curitiba. Há um ano e sete meses, 70% dos presos de delegacias têm recebido visitas periódicas de agentes de saúde.

É o caso dos detentos do 8.º Distrito Policial (DP), no bairro do Portão, que recebem assistência de profissionais do Posto de Saúde Vila Clarice. “Devido ao trabalho dos médicos e enfermeiros, os presos estão bem mais conscientes: eles estão mantendo suas celas mais limpas e cuidando mais da higiene pessoal”, revela o chefe da carceragem, Júlio Alberto Bucko Neto. “Isso é muito bom para eles, que adoecem menos, e também para os funcionários do distrito, que têm menos trabalho com a limpeza das celas e correm menos riscos de adquirir doenças infecto-contagiosas.”

A enfermeira Patrícia Moresco, que trabalha no Posto Vila Clarice e que a cada quinze dias presta atendimento no 8.º DP, conta que as pessoas presas costumam ser vítimas principalmente de doenças de pele e respiratórias. “Eles ficam longos períodos em ambientes completamente fechados, sem sol, sem ventilação adequada e sem fazer exercícios físicos”, afirma. “Por isso, ficam sujeitos a gripes, amigdalites, sarnas, piolhos, alergias e outros problemas.”

Quando presenciam casos mais graves, como aidéticos, tuberculosos ou vítimas de outras doenças infecto-contagiosas, os agentes de saúde pedem a remoção dos presos doentes para o Complexo Médico-Penal. No local, eles recebem a assistência necessária.

Os profissionais dos postos de saúde costumam passar de quatro a seis horas dentro das delegacias e distritos, dependendo do número de detentos abrigados. Normalmente, são os enfermeiros que fazem os exames de rotina – chamados de triagem – como verificação de temperatura, retirada de sangue, verificação de peso e medição da pressão arterial. Quando verificam que uma pessoa está em estado mais grave, solicitam a visita de um médico ou, sob escolta, a levam até o posto para receber atendimento.

Outro problema que atinge os presos é a hipertensão ou pressão alta. Mesmo presos jovens, na faixa dos 18 aos 30 anos, que normalmente não deveriam ter o problema, acabam manifestando sintomas e precisando de acompanhamento. A saúde bucal da maioria dos presos também é considerada crítica. Por isso, freqüentemente, eles também recebem acompanhamento odontológico.

Medo

Apesar de o trabalho dos profissionais dos postos de saúde estar sendo considerado bastante positivo, Patrícia revela que muitos enfermeiros e médicos ainda temem ir às delegacias prestar atendimento aos presos. Eles preferem que os detentos sejam levados pelos policiais até eles, nas unidades de saúde.

Para a própria segurança, os agentes de saúde só entram nas carceragens acompanhados de policiais.

De acordo com Patrícia, o trabalho normalmente se dá de forma bastante tranqüila, pois os presos costumam respeitar médicos e enfermeiros, enxergando-os como pessoas que garantem seu bem-estar. “Entro nas carceragens masculinas e nunca sofri nenhum tipo de assédio”, conta. “Os presos se mostram respeitosos, pois sabem que vou lá para fazer o bem. Sempre entro com seringas e agulhas, materiais considerado perigosos, e nunca tive problemas.”

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