O diretor do Colégio Estadual do Paraná, Wilson Roberto de Paula Souza, foi afastado do cargo na sexta-feira à noite. A medida causou confusão na escola. Alunos contrários à decisão chegaram a agredir fisicamente alguns professores. Segundo a chefe do Núcleo de Educação de Curitiba, Sheila Marize Toledo Pereira, o afastamento ocorreu devido a uma série de desentendimentos entre o diretor e a equipe administrativa. O substituto será indicado esta semana.
A confusão começou por volta das 21h30, no horário do intervalo. Pais e professores reuniram-se em assembléia para reestruturar a Associação de Pais e Mestres (APM) quando o auditório foi invadido. O professor Wanderley José de Lima tentou conter os alunos, mas foi agredido moralmente e fisicamente.
Ele explica que a venda de lanches era um dos motivos que desagradava os professores na administração de Wilson. A escola começou a desenvolver um projeto em que a cantina do colégio, que arrecadava dinheiro para a APM, tinha autorização para funcionar só nos intervalos das aulas. Os outros horários eram destinados à venda de lanches por pessoas terceirizadas, com finalidade social. “Só que isso acabou não ocorrendo e virou apenas uma atividade comercial. Nunca foi prestada conta desse trabalho”, afirma Wanderley. Ele diz que os donos destas bancas é que estavam incitando os alunos. O professor Claide C. Nielson conta que foi ameaçado e agredido fisicamente tanto por alunos, como pelos comerciantes. “Vou procurar o Ministério Público”, afirmou.
Para contornar a situação, foi chamada a PM. Segundo Sheila, dos seiscentos alunos do turno da noite, cerca de cinqüenta estavam envolvidos na confusão. Os demais tinham ido embora antes do tumulto.
Ontem pela manhã a situação era tranqüila e houve aula normalmente. “Os pais podem ficar sossegados, está tudo sob controle”, afirmou Sheila.
Por enquanto o Núcleo Regional de Educação assumiu a administração do colégio, até a indicação do novo diretor. Sheila explica que o afastamento não tem relação com o processo administrativo que investigava o diretor por diversas irregularidades. Uma delas foi ter acusado dois menores de estar usando drogas nas dependência do colégio e não prestado assistência quando foram encaminhados à Delegacia da Infância e Juventude. “Reconhecemos que ele fez um bom trabalho no combate às drogas”, afirmou Sheila.
Mas, para o diretor, pessoas que não gostaram do trabalho de combate às drogas se aliaram aos professores descontentes para tirá-lo do cargo. Segundo Wilson, os docentes não gostaram da proposta de inclusão social do colégio e queriam elitizar o ensino. Amanhã, o ex-diretor vai ter uma conversa com o secretário da Educação, Maurício Requião.