Como parte das atividades da 6.ª Mostra de Ação Voluntária, que é realizada no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba, o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, participou ontem de um debate sobre violência e cultura de paz com jovens. O encontro ocorreu na Ciranda – Central de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescente. Participaram do evento integrantes do Instituto Salesiano de Ação Social (Isas), Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM), Chácara Meninos de 4 Pinheiros, Centro de Socioeducação de Fazenda Rio Grande e também dos projetos Liberdade Solidária, Virajovem Paraná, Rede em Formação e Luz, Câmera… Paz!
Tico, que perdeu o amigo e guitarrista do Detonautas, Rodrigo Netto, num assalto em 2006, trabalha desde então em ações para promover a cultura de paz. Com o Voluntários da Pátria, ele leva à escolas um circuito de música, poesia e reflexões para jovens de diversas realidades e classes sociais. Nos presídios, o grupo realiza trabalhos de ressocialização para detentos e atua para a criação de bibliotecas.
Hipocrisia
No debate, o músico falou sobre a individualidade do conceito de paz e da exigência de algumas condições para sua obtenção. ?Hoje está na moda se vestir de branco e fazer uma passeata pedindo o fim da violência. Isso aconteceu porque o crime, antes restrito à periferia, bateu na porta dos ricos. Mas não podemos cobrar paz das pessoas se não damos as condições para que elas, individualmente, a obtenham?, disse. Para Tico, a corrupção, associada à hipocrisia do brasileiro para discutir temas importantes, é o que fomenta o atual momento de violência e conflito social.
Entre diversas perguntas, o vocalista foi questionado desde a redução da maioridade penal até o uso da poesia como forma de expressão para jovens. Participante do projeto Luz, Câmera… Paz, Romeu (nome fictício), de 18 anos, quis entender por que seu direito à educação só agora, que está internado no Centro de Socioeducação por assalto a mão armada, é respeitado. ?Antes eu não tinha acesso aos cursos que tem lá (no centro). Se tivesse, talvez hoje minha situação fosse diferente?, disse.