Adolescente mostra talento como poetisa

Celebrar a vida em verso e prosa e na própria pele. A estudante Surya Amitrano, 16 anos, moradora do bairro Boqueirão, cresceu escrevendo histórias. E o gosto pela “brincadeira de criar” foi lapidando a escrita a ponto de uma professora achar que era plágio um dos contos produzidos por ela para um trabalho escolar. “Fiquei sem nota até explicar para a professora e ela se convencer de que aquele conto era meu”, recorda Surya.

Na época, ela tinha 10 anos de idade. Mas o contratempo escolar serviu para Surya acreditar na qualidade de suas histórias. “Era um conto sobre três aventureiros, mas acabei não guardando. Talvez tenha sido depois disso que passei a arquivar tudo que escrevo no computador”, explica. Plugada o tempo todo na internet, via notebook ou celular, ela criou um blog (www.143bit.tumblr.com) para compartilhar seus textos. “Alguns geraram muitos comentários e compartilhamentos”, aponta. Sem conseguir eleger um conto como o predileto, ela percebe uma diferença entre os primeiros e os atuais. “Os contos foram crescendo comigo”, resume.

Marco André Lima
Com dezenas de contos e textos reflexivos, estudante de 16 anos busca editora pra publicar seu primeiro livro e um filme pra atuar.

Mas como qualquer autor, a moça começou a ter receio de ver sua obra pirateada na internet e, de uns tempos para cá, passou a colocar no blog as prévias das suas novas criações. “Eu quero publicar os meus contos em um livro tradicional, porque, particularmente, eu não gosto de baixar livros e ler na tela. Preciso do papel”, revela Surya. Ela selecionou 30 contos, que causaram mais repercussão, e já possui título para a obra: “A Caixa”.

Para a mãe, Lígia Amitrano, um dos melhores contos da filha é Carta Degenerativa, que é uma reflexão de uma mulher de 70 anos que possui a doença de Alzeimer. “Eu gosto de todos, mas nesse a impressão que tive é que ela amadureceu como escritora. É surpreendente como o leitor descobre que a personagem tem a doença”, elogia.

Apesar das ideias surgirem “de repente”, Surya diz que possui um processo de criação. “Sinto que meu cérebro tem várias pastas, feito um computador. Quando tenho a ideia de uma cena ou personagem eu não anoto. Deixo o tempo guardado na cabeça até chegar a hora que é imprescindível escrever. Já tentei escrever antes das ideias maturarem e não dá certo. Cada história tem o tempo dela para acontecer”, ensina.

Outro sonho é ser atriz

Marco André Lima
Surya arquiva tudo no computador, mas deseja um livro tradicional, de papel.

Engana-se quem aposte que Surya deseja ser somente escritora. Ela também sonha em ser atriz de cinema e jornalista, profissão que pretende prestar vestibular neste ano. Ela atribuiu essa vontade de ser tantas coisas a um conversa com a mãe. “Certa vez, ainda pequena, eu falei para a minha mãe que queria ser tudo e ela me animou afirmando que eu realmente podia ser tudo”.

Além desse tipo de incentivo, Surya já fez alguns cursos com o objetivo de aprimorar seus talentos. Todas essas possibilidades têm em comum a vontade de transformação. “Quando eu escrevo ou crio, eu quero que alguém leia e mude, transforme a realidade. Assim como quando eu leio uma notícia, por vezes fervo por dentro, principalmente quando poderíamos ter feito melhor”, avalia.

Sem uma limitação de estilo ou gênero, seja para escrever ou interpretar, Surya estende essa gana por saber e conhecer a vida que está começando nas escolhas do que lê, ouve ou assiste. Fã das histórias de Harry Potter, amou o filme O Pianista e, em meio a tudo isso, escuta Cat Stevens antes de escrever um, texto de reflexão ou um conto.

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