Adoção apresenta uma série de riscos

Adotar uma criança nem sempre é sinônimo de solução. Pelo contrário: se o casal que optar pela adoção fizer isso pensando apenas nas necessidades pessoais – como quando não consegue engravidar naturalmente ou acreditando que a criança pode melhorar uma relação que já não vai bem -, os riscos de uma adoção não ser bem sucedida aumentam muito. A opinião é do psicanalista Jamil Signorine, do Núcleo Psicanalítico de Curitiba.

“Antes de adotar uma criança, o casal precisa saber que está comprando um pacote de dificuldades enormes, mas também de grandes alegrias e satisfações”, avisa o psicanalista. Segundo ele, a situação mais próxima do ideal é quando o casal decide pela adoção pensando mais no bem que vai fazer à criança do que a si mesmo. “Quando acontece por necessidade do casal, geralmente o resultado é desastroso, porque, inconscientemente, os pais acabam delegando à criança uma responsabilidade, uma tarefa, que ela não tem condições de cumprir.”

Para ele, a condição ideal é quando o casal já tem filhos naturais, e a decisão em adotar uma criança é de consenso geral. Em Curitiba, segundo levantamento da Vara da Infância e Juventude, há cerca de 500 casais cadastrados à espera da adoção. “A procura maior é por crianças do sexo feminino, recém-nascidas, loirinhas e de olhos verdes. É uma cultura diferente da européia ou americana, por exemplo, que costuma adotar crianças maiores e até com algum tipo de deficiência”, revela. Segundo ele, no Brasil, crianças de 2 a 2,5 anos de idade dificilmente são adotadas, enquanto as que têm mais de cinco anos são ainda mais marginalizadas.

A verdade

Sobre a dúvida de muitos pais, em contar ou não ao filho que ele foi adotado, o psicanalista é taxativo: a verdade tem que estar sempre em primeiro lugar, e quanto mais cedo, melhor. “As crianças emitem sinais de que estão preparadas para ouvir a verdade. Os pais têm que ficar em alerta para isso”, diz. Em relação ao mito de que crianças adotivas podem gerar muitos problemas no futuro, como rebeldia – motivo pelo qual muitos casais não queiram adotar filhos – , o psicanalista lembra que o fator “não é privativo da condição de adoção”. “Para qualquer ser, adotivo ou não, corre-se o risco”, acredita. (Lyrian Saiki)

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