No descuido, na brincadeira ou na curiosidade, os acidentes com crianças sempre acontecem. São escoriações, fraturas, queimaduras ou algo mais grave, que pode acontecer na rua, no carro, na escola e até em casa. Por isso, segurança principalmente preventiva é fundamental para que o pior seja evitado.
Os dados da organização não-governamental Criança Segura, apontam que no Brasil cerca de seis mil crianças morrem vítimas de acidentes e 140 mil são hospitalizadas ao ano. Ainda segundo a pesquisa, em 2005, 7.395 crianças morreram vítimas de causas externas desse número, 79% representam acidentes. Do total dessas mortes, 40% são crianças entre 0 e 14 anos vítimas de acidentes de trânsito, e, em seguida, estão as vítimas fatais de afogamento, com 26%. Sobre hospitalizações, entre 0 e 14 anos, as quedas correspondem a 55% do total.
Segundo a coordenadora da Criança Segura em Curitiba, Alessandra Françóia, muitos desses acidentes são domésticos. Dentro da própria casa, 70% dos casos acontecem na cozinha. ?São queimaduras, envenenamento por produtos de limpeza, ferimento por objetos cortantes?, afirma.
Outra questão, como comenta Alessandra, é o risco de afogamento, inclusive em pequenos recipientes como baldes, bacias, vaso sanitário, banheiras. ?Dois centímetros de água já são suficientes para a criança se afogar. Por isso, esses recipientes devem ser mantidos longe do alcance da criança?, sugere.
Entre as medidas que podem evitar os acidentes em casa, a prevenção é a principal. ?Uma recomendação é que a criança não fique sozinha em casa, nem pode haver responsabilização dos filhos mais velhos sobre os menores. Os objetos que podem colocar as crianças em risco devem ser retirados; travas podem ser colocadas nas gavetas, as panelas devem ficar viradas para dentro, nas bocas traseiras do fogão; as janelas devem estar sempre protegidas com telas, assim como as escadas com portões e as piscinas cercadas?, orienta Alessandra.
Carro
Saindo de casa, também no carro, as crianças são facilmente expostas a riscos. De acordo com a coordenadora de educação e cidadania da Diretran, Maura Moro, ?menores de dez anos devem estar no banco de trás e devidamente protegidos, seja com o cinto de segurança ou na cadeirinha?. Segundo ela, a criança solta corre riscos de sofrer lesões mais graves. ?Em pé, entre os bancos, é ainda mais perigoso, podendo até ser lançada para fora. No colo, também não está segura, pois os braços da pessoa não seguram como o cinto. No colo, na frente, a criança é o airbag de quem a está segurando?, comenta. Segundo ela, essas e outras situações, bastante comuns, devem ser evitadas.
Entre as medidas para reduzir os riscos no carro, Maura sugere que as crianças com mais de 1,45 metro de altura devem usar cinto de segurança, quando menores, devem ter equipamentos próprios, como a cadeirinha. ?Os pais devem zelar pela segurança das crianças, pois essas não têm noção do perigo ao qual estão constantemente expostas?, conclui.
Praia requer cuidado redobrado
Foto: Fábio Alexandre |
Tenente Fabrício Frazatto. |
Longe de casa, o perigo para as crianças pode estar nos parques, na praia e até na escola. Nas duas primeiras situações, segundo o Corpo de Bombeiros, a prevenção e o cuidado dos responsáveis são as principais formas de segurança.
De acordo com o tenente Fabrício Frazatto, na praia, uma situação bastante comum – tanto quanto aos afogamentos – é um adulto perder uma criança. Por isso, toda temporada, os salvas-vidas disponibilizam pulseiras com identificação. No entanto, isso não exclui o dever dos pais de estar sempre atentos e ter sempre a criança sob seu olhar. Outros riscos, comuns no litoral e que devem ser evitados, são nadar próximo a surfistas ou pedras e ir até ?onde não dá pé?.
Ainda de acordo com o militar, nos parques a segurança das crianças também está ?nas mãos? dos responsáveis. ?Devem estar sempre de olho nas crianças, vendo onde e com quem vão e também o tipo dos brinquedos. Como usuário, os pais devem exigir segurança do prestador de serviço?, orienta.
Já na escola, onde a criança passa boa parte do tempo, os ?pequenos acidentes? são diários. ?As crianças ralam os joelhos, se cortam, têm fraturas. Por isso, temos uma enfermaria para atender essas situações inevitáveis?, afirma a orientadora do Colégio Medianeira, Libera Venturelli.
Segundo ela, os acidentes acontecem, principalmente, na hora do recreio. ?As crianças geralmente não podem brincar na rua, por isso vêm na escola e, no intervalo, querem aproveitar o máximo para brincar. Por mais que estejamos preparados, os pequenos acidentes sempre ocorrem?, comenta. A orientadora ainda comenta que o diálogo direto com as crianças é uma forma eficaz de prevenção. (NF)