Se forem somadas as ocorrências verificadas em rodovias estaduais e trechos metropolitanos, o valor pode chegar a R$ 21 bilhões.
"É um dinheiro que deixa de ser revertido em obras de infra-estrutura e trabalhos de melhor gerenciamento do tráfego", comenta o engenheiro e supervisor de pesquisa do IPR, Elmar Pereira de Mello. "Todo mundo sabe que as estradas brasileiras estão em péssimo estado de conservação. Segundo uma estimativa do Banco Mundial, os problemas gerados pela ausência de infra-estrutura comprometem o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 1,5%."
Só no ano de 2004, de acordo com o levantamento, foi verificado um prejuízo de R$ 4,8 bilhões com 94.166 acidentes registrados em rodovias federais. Foram considerados, entre outros fatores, gastos com serviços médicos, resgate, atendimentos policial e de trânsito, perdas de produção, prejuízos aos veículos, indenizações e custos previdenciários. Porém, além de tudo isso, existem as perdas consideradas impagáveis, que são as vidas humanas, mutilações e deficiências físicas e mentais permanentes.
No topo da lista de despesas aparecem os custos médico-hospitalares. No ano passado, foram gastos R$ 1.237.803.269,00 com internações, medicamentos, cirurgias e tratamentos. Para a obtenção do dado, foram pesquisados 73 hospitais em todas as regiões do País. Nos locais, foi constatado que 90% das pessoas acidentadas morrem 24 horas depois da ocorrência.
A maioria das vítimas tem a cabeça e o pescoço como áreas do corpo mais atingidas (40%), seguidas pelos membros inferiores (22,6%).
Apontados como o tipo de acidente de trânsito responsável pelo maior número de falecimentos nas rodovias brasileiras (em 2004 foram 1.678), os atropelamentos somam um prejuízo de R$ 407.944.868,00. "Acidentes provocados por saída de pista geraram 523 vítimas fatais e deixaram 6829 feridos, provocando prejuízos de R$ 963.405.632,00." Os danos com os veículos automotores somam R$ 344.636.999,00. "Todos esses valores são custos sociais", finaliza Elmar.
Paraná foi base para pesquisa no Sul
Na região Sul do País, onde o Paraná foi tomado como estado base de pesquisa, o IPR constatou, também no ano de 2004, um prejuízo de R$ 363.508,00 com acidentes envolvendo vítimas fatais e R$ 6.976,00 com acidentes sem mortos. Nas rodovias federais que cortam o Paraná, e que totalizam 1.024 quilômetros, foram registrados, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, 7.406 acidentes, com 4.512 feridos e 319 mortos.
Não existe o cálculo dos prejuízos com acidentes verificados nas estradas estaduais. Porém, segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), no ano passado foram verificados 1.716 acidentes com vítimas fatais e 49.388 com feridos. Só na capital, conforme dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), foram 8.930 ocorrências, sendo 84 envolvendo óbito. "Tanto dentro das cidades quanto nas estradas, a principal causa de tantos acidentes continua sendo a imprudência dos motoristas", diz a tenente do BPTran, Michelle Giovanella. (CV)