Ação predatória ameça fauna e flora do parque. |
Uma expedição realizada em março deste ano pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em conjunto com a Polícia Florestal, detectou a presença de caçadores, palmiteiros e pescadores que atuavam clandestinamente dentro do Parque Nacional do Iguaçu, Oeste do Paraná. Os resultados dessa operação e as alternativas para proteger o parque serão apresentados no Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que acontece de 17 a 21 de outubro, no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba.
A chamada Operação Floriano contou com a participação de 14 pessoas entre biólogos, pesquisadores, policiais florestais e equipe de apoio do parque. Em uma semana, eles percorreram as margens do Rio Floriano, cuja nascente está dentro da área de conservação e que deságua no Rio Iguaçu, sem interferência humana. É a parte mais inacessível do parque.
A pesquisa científica era o objetivo da expedição, mas os técnicos tiveram uma surpresa desagradável: 26 acampamentos instalados nas margens do rio, freqüentados por caçadores, pescadores e pessoas que fazem extração de palmito. Havia nesses locais restos de animais como veados, pacas, cotias, antas, macacos-prego, capivaras e uma enorme quantidade de pescados.
Os acampamentos tinham caixas de isopor e gelo, o que caracteriza a intenção comercial da invasão do parque. A carne de muitos animais já estava cortada e embalada para a venda. Alguns infratores conseguiram fugir, mas dois deles foram presos por cometerem crimes ambientais.
Para o chefe da unidade de conservação Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, encontrar caçadores e pescadores clandestinos dentro do parque, ainda mais em uma área de difícil acesso, gerou muita preocupação sobre como garantir a preservação da área: “É bastante complicado impedir a entrada das pessoas, pois a área do parque é muito grande. Os infratores entram pelas propriedades rurais localizadas no entorno”, afirma.
De acordo com ele, a situação foi relatada para a direção do Ibama em Brasília, que irá mandar um técnico nesta semana para avaliar um plano de proteção do parque, a ser implantado o mais rápido possível. “Estamos tomando medidas administrativas para que se melhore a proteção do parque, que será a primeira unidade do Brasil a ter um programa especializado de segurança”, adianta Pegoraro.
Capacitação
Um dos projetos que estão sendo discutidos é o de capacitar trabalhadores nos municípios do entorno do parque para a prática de ecoturismo: “Estaremos dando emprego para os infratores, que normalmente são pessoas à margem da sociedade. Elas passarão para o nosso lado, como defensores do parque. Além disso, há um ano e meio estamos capacitando professores de escolas localizadas nessas cidades sobre a importância da educação ambiental”, conta Pegoraro.
O Parque Nacional do Iguaçu foi criado em 10 de janeiro de 1939. Estima-se que 400 espécies de aves e 50 de mamíferos habitem os 185 mil hectares de área preservada.