ABPF tenta preservar ferrovias do PR

Há décadas, as ferrovias brasileiras eram importantes meios de transporte de cargas e de passageiros. A importância ferroviária era tanta que ao lado dos trilhos surgiam as cidades do interior e milhares de pessoas moravam nas proximidades das estações, sobrevivendo graças à movimentação trazida pelos trens. Hoje o panorama é bem distinto. No Paraná, atualmente, somente as linhas férreas que transportam cargas estão em atividade. Nas não operacionais (sem transporte de cargas), o abandono tomou conta de tudo que cerca os trilhos. Nos últimos anos, porém, uma entidade tenta mudar esse quadro.

No início da privatização das ferrovias, em 1997, quando a ALL (América Latina Logística) iniciou suas atividades como Ferrovia Sul-Atlântico, os bens do processo ficaram divididos em operacionais e não-operacionais. No primeiro caso, a ALL ficou encarregada de preservar todos os trechos que realizava transporte de cargas, cerca de 2.040 km. No segundo, onde o maior fluxo era o de transporte de passageiros, a Rede Ferroviária continuaria administrando.

Atualmente, o movimento ferroviário no Paraná se restringe ao transporte de cargas, principalmente rumo ao Porto de Paranaguá. No caso das linhas de transporte de passageiros, o abandono das estações e do que há ao redor é a regra geral. Para tentar mudar esse cenário, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) está firmando parcerias na tentativa de recuperar alguns dos trechos.

“Hoje, a ferrovia, quer queira quer não, tem que ser olhada com outros olhos. Na década de 60, quando se começaram as construções das primeira linhas férreas, e existiam trens de passageiros e de cargas, tudo era uma beleza. Após essa década tudo mudou. Surgiram outros interesses que acabaram atrapalhando o desenvolvimento das ferrovias”, explica o presidente regional da ABPF no Paraná, Carlos Dias Correia Augusto.

De acordo com Pedro Almeida, diretor de relações coorporativas da ALL, as ferrovias operacionais estão sendo conservadas de maneira correta. “Estamos conservando quase toda a malha que administramos e acredito que apenas no norte do Estado ainda faltem algumas modificações. No Paraná não existe todo esse descaso que vem sendo mostrado na mídia. Todo o potencial da malha operacional está sendo utilizado”, defende.

Segundo ele, a ABPF procura guardar todo o equipamento remanescente da rede (peças rotuladas, históricas locomotivas a vapor, vagões de madeira). A Rede Ferroviária tem sido o principal parceiro da ABPF.

Morretes-Antonina

Existem dentro da ABPF projetos prontos para ser executados. “O que está sendo realizado no momento é o trecho entre Morretes e Antonina, que nós começamos a preservar há oito anos. Nos últimos dois anos houve um empenho para que hoje esse trecho estivesse funcionando, com cargas destinadas para o Porto de Antonina. Nesse projeto trabalhamos junto com a ALL e estamos tentando dar vida aos outros terminais”, explica Carlos Dias Correa Augusto.

Segundo o presidente da ABPF, algumas estações não poderão ser restauradas por que foram vendidas, como é o caso de Balsa Nova e Piraquara. Além dos trechos que devem ser restaurados no ano que vem, a ABPF também deve consultar a concessionária que atua nos trechos de Jaguariaíva, Cianorte e Maringá, onde o fluxo de trens está praticamente zerado. “Por enquanto nada ainda está definido, já que a concessionária tem interesse em reabrir esses trechos, mesmo não tendo movimento”, completa o presidente.

Mais espaços para a cultura

O presidente regional da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) no Paraná, Carlos Dias Correia Augusto, apresentou alguns dos projetos que a ABPF tem em vista para recuperar a memória histórica do trajeto de algumas ferrovias. A intenção é aliar a restauração à utilização cultural dos espaços.

Um dos projetos será a revitalização completa do galpão da Avenida Silva Jardim, na capital. O grande espaço será transformado em local de cultura, aberto para visitantes e para realização de eventos. Já está sendo realizada a primeira revitalização, que dará lugar ao Centro de Cultura e Memória Ferroviária Irmãos Rebouças.

Outro projeto que está sendo realizado é a restauração de todas as casas e estações do trecho até Morretes, com exceção de alguns imóveis já vendidos (Balsa Nova e Piraquara). De acordo com o projeto, todas as casas seriam ocupadas para manter a segurança das mesmas e para não ocorrer depredação.

E Porto de Cima, uma estação a caminho de Morretes, reconstruída, se tornará centro de pesquisa de fauna e flora da região. E está em um local que pode ser acessado por estrada rodoviária.

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