Falar em caixa-preta perto de João Chiminazzo Neto é chamar o homem para a briga. “Eu não acho que o governo do Estado vai deixar se balizar por uma entidade, para fazer uma fiscalização. Essa história de caixa-preta do pedágio é para boi dormir. É politicagem”, diz em resposta ao oficio da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) ao governo Beto Richa (PSDB), de que o setor condiciona as negociações com as concessionárias mediante uma auditoria nos contratos das empresas que exploram o pedágio no Estado.
Segundo Chiminazzo, que é presidente da seção paranaense da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), os balanços do setor são públicos e a história de caixa-preta “é inaceitável. É desinformação”. Ele acha uma resposta para cada argumento contra o pedágio, principalmente dos produtores. Ele admite o efeito negativo das tarifas nos custos da produção, mas nega que a culpa seja do pedágio. “Nós não podemos ser culpados se o País não tem uma malha ferroviária, como outros países grandes, para escoar a produção”, diz numa referência a nações como a China, Estados Unidos e Rússia.
O pedágio do governo federal é baratinho; aqui no Paraná é caro. Chiminazzo invoca uma série de fatores para explicar a distorção. Primeiro o contrato para implantação do pedágio no Paraná foi feito numa época em que as condições econômicas eram outras, havia riscos (“e se o empresário assume risco, ele não vai mudar o contrato lá na frente se a situação econômica altera”), e as estradas em 1996 e 1997 estavam ruins e, segundo ele, foram feitos investimentos. Além disso, as empresas também são responsáveis por rodovias não pedagiadas. “Trata-se de dois modelos distintos”, diz.
“Estamos negociando”
Chiminazzo também foi enfático sobre as negociações com o governo do Estado. Alegou que elas continuam e ninguém esfriou nada. “Sim. Há uma negociação desde o início do ano passado. Desde fevereiro. No começo eles (o governo) tiveram dificuldades para se organizar, mas em fevereiro e março começamos a ter reuniões, com frequência e com espírito diferente dos governos anteriores. Nós temos questões técnicas, jurídicas, financeiras e outras a tratar”, diz ele, numa alusão de que as negociações são complexas.
Um exemplo de que a coisa está andando, foi a suspensão das ações judiciais de ambas as partes, uma contra outra no começo do ano passado. “A suspensão de ações foi necessária para começarmos a conversar. Com ferramentas jurídicas de uma parte contra outra não haveria condições”, disse. Basicamente, desde então há um acordo para desenvolver ações. “Passamos a discutir os desequilíbrios dos contratos, a questão dos reajustes não autorizados, as invasões de praças de pedágio, tudo isto entre DER e empresas. As negociações estão andando”, garante.
“Podemos reduzir tarifas”
O objetivo do governo nas negociações é antecipar ou ampliar investimentos e reduzir tarifas. “Podemos fazer isso. Mas precisamos saber as demandas do governo”, diz Chiminazzo. Em decorrência das negociações preliminares, ele garante que foram obtidos alguns avanços que permitiram resolver antigas demandas. “Já começamos as duplicações entre Medianeira e Matelândia, teve solução a complexa questão de Campo Largo e também a construção do contorno em Mandaguari”, enumera.
E o preço da tarifa vai cair? Chiminazzo diz que esta questão está na pauta. “Mas precisamos completar a primeira etapa da negociação. Tem uma série de coisas que o governo pretende fazer”,, diz. Ele alega que “se conseguirmos a cobrança eletrônica, vai ajudar na redução da tarifa”. E quanto às iniciativas na Assembleia Legislativa, cujos deputados esboçam recolher assinaturas para instalar mais uma CPI do Pedágio, o representante da ABCR no Estado não está preocupado.
“Nós não temos nenhuma preocupação com CPI. O Requião fez auditoria, investigação e até hoje ninguém encontrou nenhuma deficiência em nosso trabalho. Eu já fui chamado na Assembleia varias vezes. Eu só não posso admitir o uso político do assunto. Nós somos empresários”, conclui. (EP)