Em pleno verão, época em que as famílias aproveitam as férias escolares e do trabalho para viajar, o abandono de animais domésticos cresce. Em alguns casos, para evitar o custo da diária em um canil, os animais simplesmente são deixados em casa e passam dias sem alimento e nem água.
Apenas ontem a presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC), Soraya Simon, recebeu duas denúncias desse tipo de situação. “Muitas pessoas que abandonam seus animais na rua acreditam que eles serão facilmente acolhidos, ou pensam que ficar alguns dias fora não é grave, porém não é tão simples”, conta Simon.
De acordo com a presidente da SPAC, neste início de ano muitos animais foram recolhidos após denúncias de vizinhos. “Recebemos a denúncia de cães visualmente enfraquecidos que apenas estavam sendo alimentados por vizinhos”, conta Soraya. Para responsabilizar os donos do animal, a SPAC entra em contato com a Rede de Proteção Animal da Secretária Municipal do Meio Ambiente (SMMA) para que nesse período ele receba cuidados básicos e posteriormente o responsável responda por maus tratos.
Atualmente, a SPAC sobrevive de doações voluntárias e com o que arrecada em atendimentos. A instituição oferece serviços em sua clinica veterinária em busca de contribuições para manter os mais de 900 cães do abrigo. A maioria dos animais que a SPAC recebe são os que chegam em estado emergencial e apresentam sinais de maus tratos.
Em função dessa prioridade Soraya explica que não há como receber animais abandonados, pois isso apenas contribuiria para aumentar a prática. “As pessoas abandonam facilmente seus bichos de estimação, pois sabem que existem ONG”s que cuidam de animais”, explica Soraya. “Hoje selecionamos os animais que ficarão no abrigo por que já estamos superlotados e damos prioridades para os casos mais graves”, conta a presidente.
Quando a SPAC identifica uma situação de abandono imediatamente busca localizar os donos. “Quem possui um bicho de estimação deve ter a consciência de que ele é o responsável por aquele animal”, alerta.
No vermelho
Para piorar a situação, em 2013 a SPAC teve que pagar uma multa de R$ 5 mil reais, aplicada em 1996, pelo barulho do latido dos cães. Enquanto junta o caixa para pagar as contas do mês, Soraya se preocupa com uma execução fiscal de R$ 23 mil que recebeu pela falta de pagamento de INSS. Situação que mantém atrasada a inauguração da nova sede da SPAC, em Colombo, que ainda sofre com a falta de caixa para finalizar as obras que já se arrastam por anos.
Maus tratos
Apenas no ano passado, 220 cães resgatados e encaminhados para adoção, 2 mil microchips foram implantados em cães e gatos em ações promovidas pela Rede de Proteção Animal, criada em 2013, mobilizando agentes públicos e do terceiro setor. A Rede também prestou 698 atendimentos relacionados a maus tratos de animais, 16 sobre fiscalização a comércio irregular e 12 flagrantes a criadores irregulares.