A Estação Ferroviária de Guaragi, datada de 1900, foi tombada pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac) de Ponta Grossa em 2002, mas em 2004, após um incêndio, foi totalmente destruída. A Promotoria de Justiça da cidade ajuizou na última quarta-feira uma ação civil pública contra a América Latina Logística (ALL), que seria responsável pela estação. Mas a empresa alega que no início daquele ano teria devolvido o imóvel à Rede Ferroviária Federal S/A.
Segundo o promotor Fuad Faraj, a ALL é a empresa responsável pelo trecho da ferrovia onde a estação de Guaragi, chamada inicialmente de Entre Rios, estava instalada. Em 2002, o Compac tombou o imóvel e solicitou que a transportadora fizesse o restauro. Uma equipe da Fundação Cultural da cidade teria se oferecido para ajudar no processo de recuperação, mas nada foi feito. A estação era de madeira e tinha importância histórica e arquitetônica.
Fuad diz que em 2004 houve um incêndio de pequenas proporções, que não teria comprometido a estrutura da estação, sendo possível a sua recuperação. No entanto, acusa a ALL de ter demolido o que restava do imóvel. Agora, o promotor quer que a estação de Guaragi seja reconstruída e que a empresa seja condenada a pagar uma multa por danos morais e materiais à coletividade. O dinheiro iria para um fundo gerenciado pelo governo do Estado. O processo está correndo na 4.ª Vara Civil da cidade.
Logo após o incêndio, o Compac também multou a empresa em R$ 1 mil, mas o valor não foi pago e a empresa nunca entrou com recurso. Hoje a multa encontra-se em dívida ativa do município de Ponta Grossa.
No entanto, a assessoria de imprensa da ALL informa que em janeiro de 2004 teria devolvido o imóvel para Rede Ferroviária Federal. A empresa só arrendou em 1997 os imóveis considerados operacionais e, como Guaragi nunca foi usada, acabou sendo devolvida. Ao contrário do que diz o promotor, a assessoria alega que o incêndio – provocado por vândalos – teria comprometido toda a estrutura e o material havia caído sobre os trilhos da ferrovia. O pouco que restou foi retirado porque oferecia risco de desabar e causar acidentes de grandes proporções.
Fuad diz que não tem conhecimento da devolução do imóvel para a Rede e, mesmo assim, afirma que durante os dois anos de tombamento em que a estação esteve sob a responsabilidade da ALL deveria ter sido restaurada. Hoje, da estação restam apenas um antigo banheiro e a plataforma. As casas da vila ferroviária, que pertencem aos funcionários da empresa, também já começaram a ser destruídas.
