Saúde

A saúde do homem é posta em questão

Mulher levando marmanjo para uma consulta médica. Isso é bem mais comum do que se possa imaginar. São esposas ou filhas que levam o “homem da casa” para verificar o que está acontecendo com ele. Os homens procuram muito menos o serviço médico do que as mulheres. Só vão ao médico quando não tem mais jeito, o que pode aumentar muito as chances de morte. A cada três óbitos no Brasil, dois são de pessoas do sexo masculino. Eles vivem, em média, sete anos a menos do que as mulheres. E ainda convivem mais com problemas de pressão alta, diabetes, colesterol elevado, de coração e câncer.

A situação é tão complicada que se tornou uma questão de saúde pública no País. Tanto que o Ministério da Saúde lançou, no final do mês passado, a Política Nacional de Saúde do Homem. Um dos objetivos do programa é fazer com que pelo menos 2,5 milhões de brasileiros, na faixa entre os 20 e 59 anos, procurem o serviço médico, no mínimo, uma vez no ano. “Há programas específicos para mulheres, crianças, idosos. Mas para o homem nesta faixa etária não existe nada”, lembra o médico Marcelo Bendhack, presidente da Associação Latino-americana de Uro-oncologia (Urola) e responsável pela Saúde do Homem no Paraná, pela Secretaria de Estado da Saúde.

No entanto, levar os homens para o médico não é uma tarefa fácil. Ainda pesam as questões culturais e educacionais. “O homem alega que não tem tempo. Quando fica doente, se sente impotente. Não dá o braço a torcer. Quando vai ao médico, já está em uma situação mais avançada. Mas a gente percebe que mudou bastante. Os homens se preocupam mais com a saúde hoje. Mesmo assim, é bem comum a esposa levar o marido para o consultório”, relata Walcimir Rolandi Vieira, médico do Sistema Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) no Paraná.

O fenômeno ocorre com homens de qualquer idade, formação, origem, profissão ou classe social. Dependendo da rotina do trabalho, os riscos para a saúde podem ser ainda mais complicados. Nos caminhoneiros, por exemplo, são comuns os problemas ligados a uma alimentação incorreta e ao sedentarismo. São muitas horas em uma mesma posição (sentados) e refeições frequentes em churrascarias. “Eu nunca tinha ido no médico, até um dia ficar bem ruim. Tive pancreatite aguda, por causa da má alimentação. Desde então, a minha rotina mudou bastante”, revela o caminhoneiro maringaense Sidnei Cois, de 44 anos e 22 de estrada.

Independentemente do perfil, a família é muito importante para dar suporte ao homem na questão de saúde. Se isso acontece dentro de casa, as chances do chefe da família procurar um serviço médico torna-se muito maior. “Hoje, a informação chega mais e isto ajuda o homem a procurar o médico. Mas a esposa e os filhos solicitando ao pai que faça exames, que procure um médico, auxilia bastante”, assegura Marcelo Bendhack.

1.ª Semana do Homem será realizada em Curitiba

Procurar mais o médico e se submeter a check-up anual e outros exames não é frescura. Essa rotina permite a prevenção e a detecção precoce de doenças. “O programa de saúde do homem não é só a detecção precoce de câncer de próstata. É todo um conjunto, inclusive com doenças crônico-degenerativas e cardiovasculares. O que se fez nos últimos dez anos vai refletir hoje”, alerta o mé,dico Marcelo Bendhack. “Se o homem não faz o check-up em um ano, pode perder um tempo precioso de possibilidade de detecção precoce de qualquer doença”, afirma.

Além da informação, é necessário dar ao homem brasileiro condições de acessar o serviço médico, composto por profissionais capacitados e sensíveis a este problema. Por isto, o Plano Nacional de Saúde do Homem, do Ministério da Saúde, não abrange apenas a conscientização da população. A política tem nove eixos de ação, com projetos que serão executados até 2011. Entre as medidas estão o aumento de até 570% no valor repassado por procedimentos urológicos e de planejamento familiar; crescimento em até 20% no número de ultrassonografias de próstata; destino de R$ 455 milhões para capacitação e treinamento de profissionais de saúde; e recursos para a compra de equipamentos.

Entre os dias 20 e 27 deste mês será realizada a 1.ª Semana do Homem no Paraná, com promoção da Urola e apoio da Secretaria de Estado da Saúde, Conselho Regional de Medicina do Paraná, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Sociedade Paranaense de Psicologia, Universidade Positivo e outras entidades. Em Curitiba, haverá atividades para difundir informações e a importância de uma boa saúde do homem junto à população. Paralelamente, a Semana do Homem vai contar com palestras voltadas à área médica. Um dos convidados é José Carlos de Almeida, presidente nacional da Sociedade Brasileira de Urologia.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna