Após oito anos preso na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), Wellington Francisco, 51 anos, vai passar o primeiro Natal com a família. Ele e mais cerca de 850 presos que estão em regime semi-aberto na Colônia Penal Agrícola (CPA) serão beneficiados devido ao bom comportamento. Eles começam a ir para casa no dia 22 de dezembro e retornam até o dia 4 de janeiro de 2005.
Wellington cumpriu oito anos de reclusão na PEP e há 11 meses passou para o regime semi-aberto na CPA. Depois de tanto tempo, é a primeira vez que vai passar o Natal e o Ano Novo com a família. Embora no regime semi-aberto, eles têm direito a passar um fim de semana por mês em casa. "É diferente ficar com a família", fala. Ele conta que os presos em regime fechado não gostam do período porque ficam tristes ao lembrar da família, mas este ano ele não vai enfrentar o problema.
Altair Pacheco, 31 anos, também está no grupo. Ele passou doze anos da vida em regime fechado e há dois está no semi-aberto. "Em anos anteriores eu não tive contato com a família. Agora vou estar com meu filho. Quando se está aqui, sozinho, refletimos sobre a importância que eles têm para a gente", revela.
A CPA tem 950 presos. Mas só vão para casa aqueles que tiveram bom comportamento.
A diretora da unidade, Margarete Rodrigues, afirma que a indisciplina está geralmente ligada a brigas e ao uso de álcool e drogas. Quem não obedeceu as normas, terá que esperar a oportunidade no próximo ano. Para Margarete, o fato de os presos passarem as festas em casa também serve de termômetro para ver se eles estão preparados para voltar ao convívio social.
São poucas as pessoas que não retornam para a CPA, uma vez que já são acostumados a passar alguns dias em casa. Mas se isso acontecer, eles voltam para o regime fechado. Além disso, Margarete comenta que a família ajuda a não deixar o preso sair da linha, porque querem que ele saia logo do sistema e volte para casa.
Mas não é apenas o bom comportamento que garante a festa de fim de ano. Eles precisam abrir mão da visita durante alguns meses para acumular os dias para a festividade. Altair e Wellington, por exemplo, ficaram sem ir para casa em novembro e farão o mesmo em janeiro. Outros presos só poderão comemorar uma das datas em casa.
Indulto
Como todos os anos, na época de Natal a Presidência da República concede o indulto para condenados que estejam em condições de serem beneficiados. Eles não podem ter cometido crimes hediondos (como tráfico, estupro e terrorismo) e devem ter cumprido boa parte da pena. Até o fim do ano, os advogados do sistema penitenciário elaboram os pedidos e a resposta deve sair em março do ano que vem. Ano passado foram atendidos cerca de 150 pedidos. Ao todo, o sistema prisional tem oito mil presos.