A profissão de taxista se tornou perigosa em Curitiba e Região Metropolitana devido à grande quantidade de assaltos e roubos cometidos contra os motoristas. Segundo a Delegacia de Furtos e Roubos, não há dados estatísticos sobre o assunto, mas o Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Táxis no Estado do Paraná (Sinditáxi) estima que sejam 60 casos por mês, fora aqueles taxistas que não prestam queixa. A categoria vem buscando alternativas para tentar garantir segurança no trabalho.
A empresa LigTáxi adotou, desde o início do mês, uma medida de segurança entre os motoristas que trabalham à noite. Da 0h até às 5h30, os carros ficam concentrados em uma menor quantidade de pontos, o que pode inibir a ação dos bandidos, de acordo com o gerente administrativo Francisco Castro. Muitos casos de assaltos ocorrem quando o táxi está sozinho no ponto. ?Na maioria dos assaltos, os ladrões embarcam nos pontos e pedem corridas. Com o companheiro observando, a ação fica mais difícil. Caso embarque algum suspeito, outro táxi vai acompanhando. Não resolve a situação, mas já ajuda?, afirma.
O esquema funciona de segunda a quinta-feira para não prejudicar os clientes. ?Nos finais de semana, os táxis ficam mais espalhados na cidade para não afetar o atendimento?, comenta Castro. Desde que o método foi adotado, não houve registro de assaltos nesses moldes. A empresa conta com 230 carros e tem uma média de cinco assaltos por semana.
O presidente do Sinditáxi, Pedro Chalus, explica que desde 1997 a entidade vem buscando soluções para os assaltos. Ele anuncia que será implantado em um mês um sistema de monitoramento 24 horas do veículo. ?O sistema é muito moderno e supera outros métodos de segurança. Vamos apresentá-lo aos taxistas, à Prefeitura e à Secretaria de Estado da Segurança Pública?, revela.
O diretor-presidente da Angels Brasil – empresa que está desenvolvendo o sistema para os taxistas -, Douglas Cartens Neto, diz que o acompanhamento será feito por GPS. O aparelho transmite posições do carro constantemente. ?Com esse sistema, é possível um maior controle do veículo. Estamos desenvolvendo novos serviços para agregar no equipamento em táxis. Nenhum aparelho é 100% seguro, mas inibe a ação dos ladrões. É uma ação preventiva para diminuir a quantidade de roubos e assaltos?, esclarece.
Chalus enfatiza que os taxistas já utilizam três formas de alarme para informar os assaltos. Na tentativa de proibir os motoristas de fazerem qualquer tipo de contato, os assaltantes arrancam os microfones ou desligam os rádios. Castro, da LigTáxi, relata que muitos profissionais recusam passageiros, principalmente à noite. ?Eles vão pela intuição, pela experiência. Mas nem sempre acertam. Muitas vezes não dá para recusar, ainda mais se está sozinho. Os ladrões até chegam a inventar histórias para convencer o motorista. Um taxista faz, em média, 20 atendimentos em 12 horas. Nunca se sabe quem são as pessoas que vão embarcar. Fica à mercê de tudo?, avalia. Além do dinheiro, os bandidos também estão levando os carros dos taxistas.
Segurança ameaçada em qualquer localidade
Os taxistas afirmam que as regiões mais perigosas da capital são o Sítio Cercado, Jardim Aliança, Jardim Solitude e áreas próximas à favelas e invasões. Mas nenhum profissional, em qualquer localidade, está salvo.
O motorista Edson Cardoso, que trabalha no ponto Nova Orleans, conta que no final do ano passado os taxistas que atuam no local sofreram nas mãos de bandidos. Foram sete assaltos entre o final de novembro e fevereiro deste ano. ?Um deles foi assaltado e levou um tiro no pulmão. Hoje está recuperado. Se for contar todos os casos que sei, vou ficar o dia inteiro falando. Um dos motoristas foi assaltado duas vezes e está traumatizado. Mesmo tendo que fazer um turno de 24 horas para folgar no outro dia, ele se manda quando dá 8h da noite?, afirma.
Os taxistas passaram a recusar passageiros no período crítico. Somente as pessoas conhecidas conseguiam corrida diretamente no ponto. O atendimento era feito apenas por telefone. Para Cardoso, o problema é um posto de combustíveis abandonado e cercado com tapumes que fica do lado do ponto. ?Fica tudo escuro e os ladrões surgem do nada. Além disso, não havia policiamento. A nossa situação melhorou um pouco depois que o assunto foi debatido na Câmara de Vereadores. Desde então, policiais sempre passam por aqui. Deixaram os telefones de contato para chamar em qualquer situação?, declara.
O delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Furtos e Roubos, explica que 90% dos assaltos são cometidos durante o trajeto. Os ladrões entram nos veículos munidos de revólveres e facas. Apesar de não existir estatística, ele acredita que o número de casos não tem sofrido alterações. ?É preciso tomar cuidado em alguns locais onde chamam os táxis. Se suspeitar do passageiro, o motorista pode tentar sinalizar para alguma viatura da Polícia Militar, como usar o pisca-alerta, ou não fazer a corrida?, orienta. (JC)