Após a paralisação

60% das crianças atendidas no Pequeno Príncipe são da RMC

Em dois dias de paralisação dos residentes do Hospital Pequeno Príncipe para os casos que não são considerados de alta complexidade, a Secretaria Municipal de Saúde tratou de divulgar rapidamente o balanço de dois dias de análise do perfil das crianças atendidas pelo Pronto Atendimento. Pelo estudo preliminar, somente 40% dos pacientes seriam de Curitiba, ou seja, 60% continuam pendentes de solução, já que a reunião realizada ontem só envolveu a autoridade de saúde da capital.

Quanto ao uso indevido do hospital para o atendimento direto, sem o encaminhamento pelas unidades básicas, a assessoria de imprensa explicou que a secretaria não iria se pronunciar. De qualquer forma, pelos números divulgados em nota, o município conta com 301 pediatras na sua rede (249 nas unidades de saúde, 43 nas Unidades de Pronto Atendimento 24 horas e na Maternidade do Bairro Novo).O Hospital Pequeno Príncipe, por sua vez, reúne em seu corpo clínico 350 médicos que atendem SUS.

De fato, os outros 60% de pacientes são de fora da cidade e parecem integrar a fachada do Hospital . Em uma rápida passagem pelo local na tarde de ontem, o Paraná Online encontrou mães vindas de Ponta Grossa, Guarapuava, Marechal Cândido Rondon e Araucária. Todas elas trazendo filhos com consultas marcadas por conta de doenças graves e que não encontram profissionais especialistas nas cidades de origem.

Marco Andre Lima
Camila: em Ponta Grossa não tem.

A técnica de enfermagem Camila Martins Lima veio de Ponta Grossa trazendo a filha de 8 anos de idade para a consulta de retorno por conta de uma cirurgia no ouvido. “Foi feito um enxerto e estamos acompanhando cicatrização”, conta. Segundo ela, faltam especialistas no município. “Desde que ela nasceu venho para o Pequeno Príncipe, porque lá não tem’, afirma.

Mãe de um bebê de menos de dois meses, que é cardiopata, a jovem Mariane Santos da Rosa veio de Guarapuava para a consulta do filho. “Fizemos consultas e exames”, explica. A avó do menino, Maire Terezinha Santos admitiu que não há lugar mais próximo que dê conta do atendimento do filho, daí a necessidade de viajar para Curitiba.

Outra que passou a noite na estrada por conta da saúde do filho de quase três anos, foi a professor Martinha do Carmo Costa, residente de Marechal Cândido Rondon. “Ele tem uma luxação no quadril e precisa de cirurgia que estava marcada para hoje, mas como está com uma virose voltou para a fila”, descreve. Segundo ela, faltam ortopediatras, daí a necessidade de se deslocar até a capital.

Mãe de um garoto de 13 anos, portador da Síndrome de Niemann Pick tipo 2, Eulália de Moraes há um ano frequenta o hospital. “Se tivesse atendimento mais perto, não viria até aqui”, admite. “A nossa missão é lutar pela saúde do filho onde estiver disponível”, acrescenta.