50% das doenças de trabalho no Paraná são causadas por Ler/Dort

Consideradas invisíveis, as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) atingem cerca de 40% da população economicamente ativa, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Elas também respondem por 50% das doenças de trabalho registradas na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Paraná.

A falta de informação e tratamento dessas doenças pode provocar a incapacidade para a realização de atividades simples, como pentear os cabelos ou escovar os dentes. Para alertar a população sobre a problemática, foram realizadas ontem, em todo o mundo, uma série de atividades que marcou o Dia Internacional de Conscientização das LER/Dort.

 Em Curitiba, entidades e sindicatos de trabalhadores, profissionais de saúde e estudantes se concentraram na Boca Maldita, no centro da capital, para conversar com a população sobre o tema. O chefe de Serviço de Saúde do Trabalhador da Secretaria Municipal de Saúde, Luiz Antônio Bittencourt Teixeira, disse que, apesar da alta incidência, muita gente desconhece a doença, bem como a grande quantidade das inflamações associadas à ela, tais como tendinites (que atinge os tendões), epicondilites (cotovelos) e síndrome do túnel do carpo (punho), que refletem em problemas nas mãos, punhos, ombros, braços e coluna. Ele ressaltou que logo nos primeiros sintomas as pessoas devem procurar atendimento médico para prevenir o desenvolvimento da lesão.

O médico do trabalho Elver Andrade Moronte destaca que entre os principais sintomas estão dormência, formigamento, até a perda da força muscular. As lesões são mais comuns nos membros superiores e acometem mais as mulheres. Essa incidência, explicou o médico, pode estar relacionada a fatores hormonais e emocionais, além da mulher estar mais envolvida em atividades manuais. Apesar de ser identificada em qualquer idade, as LER/Dorts atingem mais os adultos jovens, que estão na idade produtiva. Se identificada precocemente, elas são reversíveis. ?O importante, no primeiro sinal, é procurar atendimento médico para que possam ser adotadas medidas preventivas, que vão desde a diminuição da carga de trabalho, realização de pausas, fortalecimento muscular e fisioterapia?, comentou.

Demissões

De acordo com dados da DRT, em 2005, dos 36.227 acidentes de trabalho registrados no Estado, 1.145 estão relacionados às doenças de trabalho. Cinqüenta por cento são doenças articulares ligadas a LER/Dort. Diante disso, a DRT promete intensificar neste ano as fiscalizações nas empresas que atuam em setores onde as lesões são mais freqüentes. Para o presidente da Associação de Defesa de Saúde dos Trabalhadores, Alexandre Felizardo, apesar de existirem legislações trabalhistas específicas sobre essa situação ainda há muita subnotificação sobre as lesões. Mas o problema mais alarmante é que mesmo o trabalhador estando doente ele não procura ajuda ou comunica o problema com medo de demissão. ?A relação entre trabalhador e empregador ainda é péssima, já que muitas vezes após o tratamento o funcionário acaba sendo demitido, e ele só consegue a estabilidade prevista em lei após batalha judicial?, comentou. Felizardo entende que nem mesmo a regulamentação do decreto que adota o nexo técnico epidemiológico, para a caracterização de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, irá trazer um avanço significativo para o problema.

Pelo texto do decreto é atribuído ao empregador a responsabilidade por comprovar que o acidente ou doença não é decorrente do exercício de determinada atividade. ?O problema é que muitos médicos da perícia estão dando alta para os trabalhadores que ainda não se recuperaram, na defesa da própria empresa?, concluiu.

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