O clima de comoção avançou durante a madrugada nos ginásios e pavilhões onde são realizados os velórios das vitimas do acidente que matou 51 pessoas e deixou outras sete feridas no último sábado (14). A cada chegada de um novo corpo, amigos, parentes e até mesmo quem não conhecia diretamente ninguém envolvido no acidente se emocionavam ao ver se formar uma fila de caixões.

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Apenas em um salão comunitário, na igreja do bairro Santa Rosa, em Porto União (SC), os corpos de 12 pessoas estavam sendo veladas – sete delas da mesma família. O sepultamento dessas pessoas vai ocorrer em locais diferentes, porque não havia espaço nos cemitérios para acomodar a todos. Durante todo o domingo (15), uma força-tarefa da Prefeitura de União da Vitória (PR) foi realizada para que pudessem ser encontrados espaços suficientes. Segundo a administração municipal, a intenção é realizar o enterro de ao menos 32 das vítimas do acidente agora pela manhã.

Os velórios das vítimas, a princípio, ocorreriam, em sua maioria, no Ginásio Municipal de Esportes Benedito Albino, em União da Vitória. Conforme os corpos foram identificados no domingo, no entanto, a maioria dos familiares optou por locais obtidos de particularmente. Capelas de igreja, associações de moradores, pavilhões e ginásios foram ocupados por cerimônias de luto na cidade e na vizinha Porto União. Os voluntários da prefeitura e de outras instituições disseram que era difícil encontrar locais com essas estruturas que não estejam ocupados.

Entre as histórias de tristeza que podiam ser acompanhadas entre os suspiros e lágrimas dos familiares está a da família Araújo. Luiz Araújo, 55 anos, perdeu sete parentes de uma vez. “Você sabe que está todo mundo bobo, é uma coisa que você nunca vai espera. De repente a família sai para viajar e volta assim. Mas é só Deus que pode nos dar força.” Ele comenta que os familiares dele teriam aproveitado o ônibus para ir à praia e que não participariam do evento de umbanda. Outras pessoas também teriam ido para completar a lotação do ônibus, segundo parentes das vítimas.

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Vilson de Cristo, 40 anos, perdeu três parentes no acidente. Ele relatou a família dos Crisóstomos, que incluía seu primo, Renan, como tranquila e amiga. “A gente se criou todo mundo junto e eu conhecia muitas pessoas que estavam no ônibus. Fui vizinho durante 30 e poucos anos, sabia de todo mundo. A gente não quer acreditar que isso aconteceu, parece que o fato de não poder ver os corpos aumenta a sensação de que eles não estão ali”, lamentou.

O acidente

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O ônibus de turismo da empresa Costa & Mar, que ia União da Vitória (PR) a Itapoá (SC), caiu de uma ribanceira de 400 metros na região de Joinville (SC), no km 89 da rodovia SC-418, no fim da tarde deste sábado (14). O trecho é conhecido como Serra da Dona Francisca.

O grupo era formado por religiosos adeptos de umbanda e candomblé, que promoveriam um evento na praia da Itapoá, praia catarinense próxima a Guaratuba. A organização do evento era feita pelo Grupo de Umbanda Pai Xangô, de União da Vitória, que é filiada à Federação de Umbanda Candomblé e Angola (Fuca).O grupo deveria retornar ao Paraná ainda no domingo.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, o ônibus pode ter perdido o freio em uma curva fechada da serra, uma região turística do norte de Santa Catarina.