Cerca de 29 milhões de brasileiros nunca foram ao dentista, de acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, há um excesso de profissionais em algumas regiões do País. Um dos estados é o Paraná, que concentra 12 mil dentistas ? 5 mil só em Curitiba ?, o que dá uma relação de um profissional para cerca de novecentos habitantes.
A falta de investimentos do setor público na área também é redundante, pois apenas 5% dos custos da Odontologia são pagos com recursos públicos, e 95% pelo setor privado. A inclusão de um dentista ? junto com médicos e enfermeiras ? nas equipes do Programa Saúde da Família já foi um avanço, mas ainda está longe de ser o ideal. Para ampliar a atuação do profissional da Odontologia, o setor está buscando resgatar a figura do clínico geral.
E esse está sendo o foco central do 7.º Congresso Internacional de Odontologia do Paraná, que começou ontem e prossegue até sábado, no Expotrade, em Curitiba. O evento está reunindo mais de 4 mil congressistas que estão participando de palestras, cursos e conferências com profissionais de diversas especialidades do Brasil e exterior, além de conhecer os lançamentos de produtos e equipamentos para o setor.
Geral
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) do Paraná e conselheiro do Conselho Federal de Odontologia, Roberto Veiga Cavali, existem hoje dezenove especialidades clínicas na área. “Muitos profissionais acabam se dedicando a uma especialidade e ficam com o papel de apenas encaminhar pacientes a outros profissionais. O que quereremos é o profissional generalista”, disse. Cavali ressaltou que cerca de 10% a 15% dos procedimentos odontológicos devem ser feitos por especialistas, o restante por um dentista clínico geral.
“Com isso também queremos resgatar a figura do dentista da família, que está próximo do paciente e tem condições de realizar diversos procedimentos”, comentou. Segundo o presidente da ABO, os cursos de Odontologia no País já estão alterando os currículos com essa visão de formação.
Suspensão
O Ministério da Educação (MEC) suspendeu por 180 dias a abertura de novos cursos de Odontologia no Brasil. A medida visa diminuir a desigualdade que existe em algumas regiões, com grande concentração de profissionais. Enquanto nos três estados do Sul existem trinta cursos, no Nordeste há apenas doze.
O presidente da ABO do Paraná, Roberto Cavali, avalia que essa medida é correta, e atende uma reivindicação antiga da categoria. Nesse período de suspensão, o MEC fará uma avaliação dos cursos e currículos existentes, para só depois tomar uma decisão definitiva sobre as graduações. No Brasil existem 145 faculdades e universidades que oferecem o curso de Odontologia. No Paraná são catorze instituições, cinco delas em Curitiba, e há especulações que outras quatro estão esperando autorização para abrir.