Do início do ano até a última quinta-feira, o Serviço de Investigações de Crianças Desaparecidas (Sicride) já registrou cinco casos de crianças desaparecidas no Paraná. Todos, porém, foram resolvidos. Entretanto, o Estado tem 21 casos de desaparecimentos não solucionados: doze anteriores ao ano de 1995 – quando foi criado o Sicride – e nove posteriores. "Quanto antes somos comunicados de um determinado desaparecimento, mais facilmente o caso é resolvido", comenta a delegada titular do Sicride, Márcia Tavares dos Santos.
Segundo ela, 70% dos casos de desaparecimento de crianças analisados são de meninos e meninas que saem de casa porque querem, sem que haja infração penal. Isso geralmente acontece devido a excessos de negligência ou mesmo de cuidados por parte dos pais, mas também devido a maus tratos e trabalhos domésticos forçados.
Os outros 30%, nos quais há infração, envolvem homicídio, seqüestro e subtração – quando a criança é tirada da pessoa que tem sua guarda legítima. "Assim que um sumiço é informado à polícia, o policial que atendeu o caso comunica o fato ao Sicride. Assim que é lavrado boletim de ocorrência, é feito um cartaz com a foto da criança. As buscas começam a ser realizadas de forma imediata."
Na tentativa de solucionar casos mais antigos, o Sicride mantém um sistema que, a partir de fotos de familiares da criança desaparecida, realiza envelhecimento digital da mesma. O trabalho permite que a polícia tenha uma idéia aproximada da aparência da criança após o passar dos anos. A eficácia do envelhecimento depende da quantidade disponível de fotos de familiares. "No Brasil, nenhum caso foi ainda resolvido graças ao envelhecimento digital. Porém, nos Estados Unidos, onde o trabalho é realizado com maior freqüência, já foram vários."
Casos
Entre os casos sem solução de crianças desaparecidas no Paraná, um dos mais intrigantes é o de Guilherme Caramês Tiburtius, filho da deputada estadual Arlete Caramês. O garoto desapareceu no dia 17 de junho de 1991, aos 8 anos de idade. Foi visto pela última vez andando de bicicleta na frente de sua casa, no bairro Jardim Social, em Curitiba. Quando sua avó foi chamá-lo para o almoço, não o encontrou. Até hoje, não existem vestígios do menino ou de sua bicicleta.
Outro caso que ganhou repercussão nacional é o de Leandro Bossi, que desapareceu em 15 de fevereiro de 1992, também aos oito anos de idade, em Guaratuba, no litoral do Estado. Ele saiu de casa pela manhã e foi até o hotel onde sua mãe estava trabalhando. Quando chegou lá, ela pediu para que ele voltasse para casa e trocasse de roupa. O menino obedeceu e saiu de casa novamente, nunca mais voltando.