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2ª moradora do Edifício Tijucas viu Curitiba crescer

Poucas pessoas tiveram a oportunidade de observar o crescimento de Curitiba como a aposentada Caetana de Almeida, de 80 anos, que foi a segunda moradora do Edifício Tijucas, onde vive há quatro décadas. “Cheguei aqui no dia 3 de setembro de 1973. Nem tinha elevador, tivemos que subir com os móveis pelas escadas. Foi um sufoco”, lembra. Formada em Enfermagem e Administração de Empresas, Dona Caetana ficou conhecida por ter comandado o tradicional prédio curitibano por 30 anos.

“Agora, se você parar para imaginar, dos 40 anos que eu vivo aqui, por três décadas fui síndica. É muita coisa, né?”, comenta. Apesar de estar à frente de um edifício com 162 apartamentos e por onde passam em média 4 mil pessoas por dia, Dona Caetana afirma que nunca reclamou da atividade e conta que sempre tratou todos com respeito. “Ninguém acredita, mas nunca fiz um inimigo enquanto fui síndica. Lidava com diferentes tipos de pessoas, com diversos problemas, mas sempre respeitando a opinião de todos e tentando fazer o melhor para todos que moravam aqui”, explica.

Marco Andre Lima
Segunda moradora do Edifício Tijucas, o primeiro arranha-céu da capital paranaense, foi síndica do prédio durante trinta anos.

Dona Caetana gosta de comparar o comando de um edifício como o Tijucas com a administração de uma pequena cidade. “Eram pessoas de diferentes culturas, de diferentes classes sociais que eu tinha que lidar todos os dias. Era muita gente com todos os tipos de pedidos e problemas. Então tinha que ter jogo de cintura. Alguns até me chamavam de Rainha Elizabeth do Tijucas e Fidel Castro de saias”, brinca.

Hoje o Edifício Tijucas permanece imponente na Boca Maldita. Com seus 32 andares, o prédio ainda é ponto de referência para as pessoas que frequentam o centro da capital. “Muita gente passa por aqui todos os dias. Muita gente trabalha aqui todos os dias. E muita gente mora aqui. Estou longe da administração do prédio, mas mantenho o contato com o síndico e todos os moradores, que são dos mais variados tipos e classes sociais. Falam que só ricos moravam aqui, mas dá de tudo”, conta a aposentada.

Vista privilegiada

Apesar de lembrar com carinho dos tempos antigos da Boca Maldita e do Calçadão da XV, Dona Caetana afirma que procura deixar de lado o sentimento de saudosismo. “Eram outros tempos, quando a Rua XV tinha vários cinemas, os carros vinham passear no fim de semana e era uma agitação social. Hoje a Boca é mais do povo e também é ótimo. Não tem época melhor, toda época tem sua história e assim está bom”, reflete.

Gerson Klaina
Dona Caetana: “Nunca fiz um inimigo. Alguns até me chamavam de Rainha Elizabeth do Tijucas e Fidel Castro de saias”.

Da janela de seu apartamento, no 18º andar do tradicional prédio, Dona Caetana viu a cidade avançar para todos os lados. “Os lados do Cabral e Bigorrilho eram cheios de chácara, uma zona rural mesmo. Da minha sacada eu via todo o Portão. Hoje a cidade mudou muito e cresceu demais, quase não consigo ver mais nada por causa dos prédios. Mas ainda tenho uma vista privilegiada”, brinca.

História

Localizado em plena Boca Maldita, tradicional ponto de encontro curitibano, o Edifício Tijucas é um dos prédios mais tradicionais e o primeiro arranha-céu da capital. A ala comercial, inaugurada em 1958, conta hoje com 417 endereços comerciais e se tornou famosa por ter sido uma das primeiras sedes do Canal 12. Na década de 70 foi considerado o reduto dos alfaiates, tamanha a concentração de profissionais ali. Já o lado residencial foi aberto em 1973, abrigando milhares de moradores que vivem em seus mais de 160 apartamentos.

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