No Brasil, um grande número de jovens perde a vida no trânsito. Segundo levantamento realizado pela Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), 15,6% dos óbitos de brasileiros entre 15 e 24 anos de idade são em função de acidentes envolvendo veículos automotores.
No Paraná, durante o ano passado, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) registrou 1.232 feridos e oito mortos entre zero e dezessete anos de idade. Entre 18 e 24, foram 2314 feridos e vinte mortos. Até março deste ano, entre pessoas de zero a 17 anos, foram 277 feridos e um óbito. Entre 18 e 29 anos, foram quinhentos feridos e dez mortos.
Entre os menores de 18 anos, os ferimentos e óbitos geralmente são conseqüência de atropelamento, acidentes com bicicletas ou acidentes nos quais crianças e adolescentes são levados como passageiros. Porém, entre as pessoas com idades acima de 18, muitas vezes é a ousadia ao volante e o desrespeito às regras de trânsito o que prevalece.
Baseada em sua experiência no BPTran, a tenente Michelle Giovanella afirma que, embora existam várias exceções, os jovens normalmente costumam ser muito mais imprudentes no trânsito do que as pessoas mais velhas e com maior experiência ao volante. "Muitas vezes o carro é objeto de desejo dos jovens antes mesmo de eles completarem dezoito anos e poderem tirar carteira de habilitação, sendo símbolo de estatus dentro de um grupo. Tem muitos jovens responsáveis, mas também existem aqueles que são bastante ousados e imprudentes."
Para o professor de engenharia de tráfego e segurança de trânsito da UFPR, Pedro Akishino, além de não ter experiência, grande parte dos jovens é dotada de um espírito de aventura. "Muitos jovens sonham em ter um carro potente e, pela própria inexperiência, possuem menos noção dos riscos", afirma.
Jovens
O professor Willen Ronaldo da Silva, 23 anos, concorda com a opinião dos especialistas. Ele se diz responsável, mas admite que algumas vezes abusa um pouco da velocidade. "Não nego que, quando estou atrasado para um compromisso, corro um pouquinho mais, mas sempre tenho confiança no que faço, reflexos rápidos e conheço meu carro. Concordo que os jovens desrespeitam mais as regras de trânsito, pois eles têm menos medo do perigo".
Já o motoboy Jefferson Luiz de Lima, de 20 anos, é de opinião contrária. Para ele, imprudência independe de idade. "Ser cuidadoso ou não no trânsito depende de cada pessoa e não da idade. Acho que muitas vezes as pessoas mais velhas são até mais imprudentes, pois têm excesso de confiança e abusam da própria experiência."