Paraná volta a produzir 30 milhões de toneladas de grãos na safra 2004/05

O Paraná tem a expectativa de retomar a produção de 30 milhões de toneladas de grãos na safra 2004/05. A previsão otimista foi feita pelo vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, na reunião do secretariado desta terça-feira. O crescimento da produção foi interrompido na safra passada em decorrência da estiagem que castigou o Estado e reduziu a colheita em 3,5 milhões de toneladas de grãos.

Pessuti comandou as apresentações das empresas vinculadas Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), na reunião.

Apesar da safra ter sido plantada regularmente, Pessuti manifestou preocupação com a queda na qualidade das lavouras em decorrência da redução do uso de tecnologia. De acordo com o secretário, os preços dos insumos e maquinários agrícolas estão muito elevados, enquanto o preço dos produtos agrícolas, que vinha em patamar elevado, não se sustentou.

Pessuti citou como exemplo a soja que chegou a ser cotada entre US$ 18 e US$ 20 a saca e agora voltou para US$ 12 a saca. Nesse período, o preço dos insumos cresceu acompanhando a cotação da soja, mas não recuou. Com essa distorção, há o risco do produtor investir menos em tecnologia, o que pode comprometer a produção e a produtividade da safra.

Pessuti reclamou ainda da falta de empenho do governo federal e do Banco do Brasil em solucionar problemas de comercialização do trigo. O produto foi colhido e está sem preço no mercado. Por outro lado, os produtos pecuários estão com melhor margem de lucro justamente em função da queda de preço da soja, milho e trigo. "Esses produtos são os principais componentes da ração animal e, com isso, ficou mais barato produzir leite e ovos", explicou.

Iapar

Na reunião, o diretor-presidente do Iapar, Onaur Ruano, apresentou as novas variedades de sementes lançadas este ano e que estarão à disposição dos agricultores em 2005. Foram lançadas nove variedades, sendo uma de algodão, uma de arroz de sequeiro, três de feijão, uma de milho branco, uma de trigo, uma de triticale e uma de café.

A nova variedade de algodão, IPR-120, apresenta maior potencial de produtividade, com uma expectativa de elevar em 6% a rentabilidade da lavoura. Na opinião de Ruano, trata-se da melhor variedade que será plantada no Estado. A variedade de arroz de sequeiro (IPR-117) é indicada para cultivos em pequenas propriedades.

As três novas variedades de feijão, Colibri, Chopim e Saracura, apresentam maior valor protéico com menor tempo de cozimento. A variedade de milho branco (IPR-119) atende à demanda da indústria de alimentos. A variedade IPR-98 de café destaca-se pela resistência a todos os tipos de ferrugem conhecidos no mundo. Só o que o agricultor vai deixar de gastar com fungicidas na lavoura de café representa uma economia de R$ 7,5 milhões por ano no Paraná, graças à pesquisa desenvolvida pelo Iapar, custeada com recursos públicos.

Emater

O presidente da Emater, Sabino Campos, discorreu sobre as prioridades da empresa em 2004. Entre elas, a estruturação de planos de desenvolvimento rural, que totalizaram 162 projetos que beneficiaram 20 mil agricultores no Estado. Salientou o trabalho da empresa nos programas voltados à agricultura familiar, que beneficiou 18.630 agricultores com a aplicação de R$ 25,1 milhões. Segundo Campos, por trás de cada liberação de recurso estava um projeto desenvolvido pelos extensionistas da Emater.

Sabino Campos destacou também a importância da empresa na liberação de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Foram elaboradas 218 mil declarações de aptidão ao programa, que permitiram a liberação de quase R$ 280 milhões em benefício de 77,6 mil famílias.

Com a implantação do Fundo de Aval para a Agricultura Familiar, Campos acredita que 150 mil novas famílias de agricultores familiares no Paraná poderão ser atendidas pelo Pronaf. Destacou também a participação da Emater no programa de Agroindustrialização do Estado, na melhoria da competitividade das pequenas propriedades rurais e ainda na preservação dos recursos naturais através do programa Paraná Biodiversidade.

O presidente da Claspar, Eduardo Baggio, detalhou os procedimentos da empresa no controle de qualidade dos produtos exportados pelo Porto de Paranaguá. Nos últimos dois anos, o porto não teve nenhuma carga refugada pelos compradores internacionais, ao contrário do que ocorria na gestão anterior.

Segundo Baggio, a empresa atua com controle rigoroso para garantir a qualidade dos produtos agropecuários e exerce poder de polícia em Paranaguá para proibir a exportação de produtos transgênicos. De 153.781 cargas de soja enviadas ao porto este ano, 8.456 foram refugadas, das quais 1.246 cargas apresentaram contaminação por transgenia.

Além disso, foram fiscalizados um total de 307.601 caminhões carregados com milho, soja e farelo, dos quais 14.603 tiveram a carga refugada pelos fiscais da Claspar.

Transgênicos

O governador Roberto Requião anunciou que o grupo francês Carrefour está com uma missão no Paraná, visitando cooperativas e produtores de soja. O grupo está interessado na compra de 300 mil toneladas por ano de soja não transgênica. Para se ter uma idéia, esse volume corresponde à totalidade da atual exportação de soja do Paraguai.

Nesta quarta-feira, Pessuti terá uma reunião com os representantes do Carrefour e no sábado, Requião recebe a missão na Granja do Cangüiri para conclusão das negociações.

Diante dessa expectativa, Pessuti reforçou a importância do produtor paranaense tratar com precaução a questão do plantio da soja transgênica. Preocupado com a confusão que envolve o tema, ele recorreu às secretarias da Saúde e do Meio Ambiente, que vão ajudar na divulgação de informações à comunidade e aos produtos. Segundo Pessuti, é importante esclarecer os motivos pelos quais a transgenia deve ser tratada com precaução, diante dos impactos que ela pode provocar na saúde das pessoas, no meio ambiente e também na questão econômica, a médio prazo. 

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