Paraná vai sacrificar animais com suspeita de aftosa

Londrina – O governo do Paraná, enfim, decidiu: o gado da fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, apontado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como portador do vírus da febre aftosa, será sacrificado. A fazenda cria, em regime de confinamento, cerca de 2 mil animais. A data e a forma do abate – se na própria fazenda ou em frigorífico -, no entanto, serão definidas somente em 11 de janeiro, durante reunião do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária.

O anúncio foi feito na noite de ontem (27), em Curitiba, pelo vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, após 12 horas de reunião dos técnicos de sua secretaria e do Ministério. Os dois órgãos continuam divergindo sobre a contaminação do rebanho paranaense, mas, mesmo assim, a decisão de abate foi sacramentada. A suspeita da febre aftosa no Paraná foi comunicada em 21 de outubro.

Divergências

O Ministério da Agricultura insiste que o vírus foi detectado por meio de exames de sangue, que apontaram alterações sorológicas em 209 novilhas adquiridas em Eldorado (MS), e na vinculação epidemiológica do rebanho afetado, pois na região de origem do rebanho foram confirmados 28 focos da doença.

O governo do Paraná, por sua vez, refuta esse diagnóstico apontando para o resultado negativo de mais de 90 amostras do rebanho tido como contaminado, examinadas por meio do exame Probang, que permite o isolamento do vírus. O Laboratório de Análise Agropecuária, de Belém (PA), ainda não concluiu o restante dos exames. O sacrifício dos animais é defendido pelo Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária, que será ouvido por Pessuti antes da tomada de decisão sobre o destino do gado da fazenda Cachoeira.

De acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde Animal, o sacrifício, seguido do enterro dos animais na propriedade, é a forma de normalizar no período de seis meses exportações de carne. Se o gado for abatido em frigorífico, com o aproveitamento da carne, as exportações somente voltarão ao normal em 18 meses.

O enterro dos animais na propriedade, medida que evita a circulação do vírus, tem como complicador os prejuízos ao meio ambiente, alerta o proprietário da fazenda Cachoeira, André Carioba Filho. A propriedade, de 1.400 alqueires, tem 22 represas, formadas por dezenas de minas, totalizando 46 alqueires de lâmina d’água. A decomposição dos animais – o peso estimado do rebanho é de 720 toneladas – poderá contaminar o lençol freático e os rios da região, segundo Carioba. Antes de decidir sobre a forma de abate dos animais, Pessuti prometeu consultar o Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

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