Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, divulgado nesta quinta-feira (29), indica que o Paraná vai produzir 6% de grãos a mais do que o volume obtido no ano passado. Na safra passada, o Estado produziu 22,45 milhões de toneladas. De acordo com os dados obtidos no campo até o dia 19 de junho, o Paraná deverá produzir 23,81 milhões de toneladas de grãos na safra 2005/06. Caso essa estimativa seja confirmada, haverá uma redução de 17,7% frente a um potencial produtivo de 28,93 milhões de toneladas desta safra.
Os técnicos do Deral informaram que a safra foi novamente afetada pela seca. A estiagem de novembro e dezembro afetou as culturas de verão. Atualmente, a escassez de água, que atinge o Estado desde março, prejudica as culturas de inverno e safrinha.
O secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, lembrou que, apesar da estiagem, a produção esperada deverá ser maior que a registrada na última safra. ?Apesar das dificuldades atuais, o produtor pode contar com uma maior elasticidade do processo de renegociação de suas dívidas conforme as medidas anunciadas pelo Governo Federal. O que não existia nos anos anteriores?, lembrou.
De acordo com o último levantamento do Deral sobre as perdas financeiras, realizado no mês de março, o Paraná deixaria de faturar R$ 1,57 bilhão frente à expectativa de colheita frustrada. Segundo a chefe da Divisão de Estatísticas Básicas do Deral, Gilka Cardoso Andretta, foram calculados mais R$ 290 milhões em perdas na agricultura. ?Devemos lembrar que essas perdas financeiras estão concentradas, basicamente, na soja, milho, trigo e feijão. Acreditamos que, com uma maior diversificação das propriedades rurais, esses prejuízos poderão ser menores caso ainda tenhamos no futuro situações críticas em decorrência das adversidades climáticas. Com uma propriedade mais diversificada, o produtor tende a ser menos prejudicado frente às intempéries?, destacou.
A situação de estiagem pela qual passa o Estado é um dos motivos que levaram a Secretaria da Agricultura e suas vinculadas a promover os seminários ?Conservação de Solos e Água no Paraná?, realizados em várias regiões do Estado no ano passado. ?O plantio direto na palha, conjugado às práticas adequadas de manejo e conservação de solo e água, minimiza os efeitos das adversidades climáticas?, comentou Ribas.
O chefe do Setor de Previsão de Safras do Deral, Dirlei Antonio Manfio, lembrou que, em maio, os números apontavam uma redução de 4,57 milhões de toneladas de grãos. ?Hoje, estimamos uma perda de 5,12 milhões de toneladas em decorrência de uma maior redução do milho safrinha e do trigo.
Milho
O Paraná deverá colher três milhões de toneladas do milho safrinha. Ou seja, 13,2% a menos do que o potencial desta safra. A área com a cultura foi reavaliada para 968.251 hectares. Isso representa 21.953 hectares a menos do que foi estimado em maio.
Até o momento, a produtividade verificada é de 3,5 mil quilos por hectare. A produtividade avaliada em 23,4 mil hectares, já colhidos, está próxima do potencial. Essas áreas foram plantadas entre janeiro e fevereiro e não foram muito afetadas pela falta de chuvas.
Os técnicos do Deral acreditam que se o clima ajudar e as estimativas se concretizarem a produtividade do milho safrinha nesta safra poderá ser 13% superior à obtida no ano passado, quando o Estado colheu, em média, 2.800 quilos por hectare.
Quanto ao milho da primeira safra, a colheita já atingiu 99% da área plantada com a cultura. O Deral estima uma produção de 7,85 milhões de toneladas. ?Isso demonstra que o Paraná poderá colher um volume de milho da primeira safra 20,4% superior ao colhido na safra passada. É válido lembrar que a primeira safra representa 72,3% do volume produzido no Estado?, disse a engenheira agrônoma do Deral, Margorete Demarchi.
Somando as duas safras, a produção de milho no Paraná está estimada em 10,85 milhões de toneladas. Confirmada, a atual safra será 27% maior que a anterior, em que o Estado colheu 8,55 milhões de toneladas.