Um projeto que estimula a recuperação florestal do Estado e a inserção de pequenos produtores no mercado de créditos de carbono está sendo implementado pelo programa Paraná Biodiversidade, desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. Esta poderá ser a primeira iniciativa mundial a ser inscrita na área ?seqüestro florestal de carbono? do Protocolo de Kyoto para venda de créditos de carbono no mercado internacional.
O projeto prevê o aproveitamento das áreas de Reserva Legal (20% de cada propriedade) para o plantio de eucalipto intercalado com espécies de árvores nativas. ?O eucalipto pode ser desbastado para venda da madeira e a fotossíntese do crescimento da floresta gera créditos de carbono, que também podem ser comercializados por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)?, explicou a consultora da Secretaria do Meio Ambiente na área de seqüestro de carbono, Manyu Chang.
O MDL é um dos três mecanismos flexíveis do Protocolo de Kyoto, criados para ajudar os países industrializados a cumprirem a meta de reduzir suas emissões até 2012. O mecanismo permite a empresas poluidoras investirem em projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, como o Brasil.
?Estaremos assegurando o cumprimento da lei ambiental, que exige a conservação destes 20% de cada propriedade, incentivando o desenvolvimento ambiental do Estado e gerando benefícios sócio-econômicos às comunidades envolvidas?, afirmou a consultora. ?A expectativa é de que, ao final de 20 anos, cada produtor envolvido receba mais de R$ 38 mil por hectare conservado?, explicou Chang, considerando os valores atuais.
A principal renda será obtida com a comercialização da madeira ? cerca de 80%. ?Hoje em dia, o metro cúbico de madeira de eucalipto custa, em média, R$ 70 nas serrarias. Já a tonelada de carbono está cotada atualmente em U$ 5 no mercado de créditos de carbono?, disse Chang.
Além da madeira e dos créditos de carbono, os produtores também poderão comercializar sementes geradas por estas árvores ? para viveiros municipais espalhados em todo o Estado e bancos de germoplasma (onde são armazenados os recursos genéticos das espécies).
?Atualmente, os bancos de germoplasma proporcionam novas oportunidades no crescente mundo da bioengenharia, aproveitando a enorme biodiversidade existente no território brasileiro?, explicou Chang. Todas as sementes cedidas para o plantio das árvores são rigorosamente selecionadas, escolhendo as geneticamente mais qualificadas.
Piloto
Um projeto piloto será implementado nos próximos meses na região Noroeste do Estado. Mais de 100 pequenos produtores (propriedades de até 30 hectares) de cinco municípios da região já estão cadastrados, além dos produtores de três assentamentos localizados em Querência do Norte. No total, a área destes produtores já cadastrados chega a mais de 300 hectares de futuras florestas.
Na última semana, representantes das entidades envolvidas no projeto, como Secretaria do Meio Ambiente (e suas autarquias Instituto Ambiental do Paraná/IAP e Instituto de Terras, Cartografia e Geociências/ITCG), Secretaria do Planejamento, Emater e Embrapa Florestas, participaram da reunião preparatória para implementação do projeto.
Durante a reunião foi apresentado o modelo de plantio em cada hectare, que será feito com 1,2 mil pés de eucalipto e 200 de espécies nativas. A tendência é reduzir o número de árvores de eucaliptos, até chegarmos em uma floresta só formada por espécies nativas.
O programa Paraná Biodiversidade irá contribuir com os custos de implantação do projeto (cerca de R$ 1,5 mil por hectare) ? que irá subsidiar a compra de insumos como cercas, sementes, adubos e formicidas, para o reflorestamento. Os produtores entrarão com a mão-de-obra e com o compromisso de manter por 20 anos essas florestas em formação.
Suínos
A Secretaria do Meio Ambiente também está desenvolvendo um projeto que poderá aumentar em cerca de R$ 500,00/mês a renda de pequenos produtores de suínos e ainda inseri-los no mercado mundial de créditos de carbono.
A proposta surgiu através do Programa Nacional do Meio Ambiente II, desenvolvido pela Secretaria, na região Oeste do Estado – bacia do rio Toledo – envolvendo 34 pequenos criadores de porcos (produções com até 300 animais).
O projeto-piloto está avaliando a produção de gás metano através da decomposição dos dejetos de porcos e propõe a criação de uma rede coletiva de captação e tratamento de dejetos suínos. Após o tratamento do material decomposto é realizada a queima do gás metano. ?A queima do gás metano reduz a emissão de gás carbônico na atmosfera – gás que mais contribui para o aquecimento global – e poderá ser comercializada no mercado de créditos de carbono?, explicou a coordenadora estadual do PNMA II, Sandra Queiroz.
