Paraná prepara estudo sobre a aranha-marrom

O Centro de Produção e Pesquisa Imunobiológica (CPPI) da Secretaria de Saúde, em parceira com a Fundação Araucária, desenvolve uma pesquisa sobre a aranha-marrom. Para que os técnicos possam estudar os animais, uma casa está sendo preparada para montar um habitat natural para as aranhas. O objetivo do projeto é mostrar para a população como controlar a infestação de aranhas dentro de casa. O estudo terá um tempo de duração de três anos.

Essa casa servirá para o monitoramento e controle da população da aranha-marrom. No primeiro ano do projeto, os técnicos do Centro estudaram principalmente alguns mitos de como eliminar a aranha. Os principais temas estudados foram a avaliação de inseticidas e produtos sanitários e sua eficiência na mortalidade dos animais. ?É um estudo pioneiro e completo sobre a aranha-marrom, desde hábitos até sua comunicação e sobrevivência?, explicou o secretário de Saúde, Cláudio Xavier.

De acordo com o biológo da seção de animais peçonhentos do Centro e pesquisador do projeto, Emanuel Marques da Silva, essa casa será montada com todas as formas de moradia da aranha, desde terrenos com telhas e entulhos, sótão, deixando um local propício para a aranha, livros em estantes, móveis e materiais domésticos, roupas e calçados. ?Temos que deixar como se fosse uma casa normal para podermos estudar o comportamento da aranha. Para levar a informação à população vamos eliminar as aranhas sem usar produtos químicos e analisaremos das que sobrarem quanto tempo elas demorarão para retornar a população que era antes?, explica.

Esse estudo terá como base a principal espécie de aranha-marrom, a Loxosceles intermédia, a mais comum em Curitiba e no Paraná. ?É importante frisar que nenhum outro lugar faz uma pesquisa tão completa abrangendo a biologia, a ecologia e o comportamento da aranha-marrom?, completa.

As espécies mais comuns no Paraná são a Loxosceles intermedia e L. laeta. As principais diferenças entre elas são que a primeira é mais adaptável ao ambiente, é mais generalista e sua infestação é mais rápida. A segunda espécie é mais antiga, mais exigente com fatores ambientais e tem sua reprodução mais lenta. Outra espécie bastante comum é a Loxosceles gaúcho, que ocorre principalmente na região Norte e Noroeste do Estado.

Exemplo

De acordo com a coordenadora nacional do Programa de Controle de Acidentes de Animais Peçonhentos, Fan Hui Wen, o Paraná é o Estado mais importante na vigilância e no combate à aranha-marrom. O Paraná é referência nacional para outros Estados sobre os cuidados com os animais peçonhentos. Apesar de várias pesquisas que já foram feitas, o Ministério da Saúde sempre faz estudos e acompanha as pesquisas realizadas no Estado sobre aranha-marrom para que possa responder perguntas que há vários anos estão sem respostas. ?Ainda precisam ser respondidas algumas perguntas como o tratamento e soros, comportamento e por que o Paraná é tão propício para o desenvolvimento da aranha?, explica.

De acordo com Hui, as pesquisas realizadas no Paraná são importantes para desenvolver estudos em todo o país. ?Ainda temos que entender melhor sobre o tratamento e se o soro produzido é bom em outros Estados também. Temos que estudar isso por causa da variação das espécies que temos no país?, disse, e completou que o problema existe e que não se pode fechar os olhos para isso.

Simpósio

Foi realizado em Londrina de 12 a 17 de fevereiro o 1o Simpósio Brasileiro de Lexocelismo, que abordou um quadro epidemiológico completo envolvido e resultante das nocivas picadas de aranha-marrom. Nesse evento foi realizado mesas-redondas centradas na ecologia e biotecnologia, e workshops focalizados em aspectos epidemiológicos e controle da população do animal.

Também participou do evento a maior autoridade mundial na descoberta e caracterização dos semioquímicos ou compostos voláteis mediadores da comunicação entre aracnídeos, com as três únicas publicações sobre o tema, o alemão Stefan Schulz. Além de técnicos da Secretaria de Saúde do Paraná e Secretaria de Saúde do Município de Curitiba, do Instituto Butantã, professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade de Brasília (UnB) e técnicos do Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul.

Outra importante visita que o Paraná recebeu foi a do pesquisador esloveno Andrej Cockl, em novembro de 2005. Ele é especialista na utilização de laser para o mapeamento de movimentos vibratórios de insetos e outros animais. As experiências foram conduzidas no CPPI e constituem no primeiro registro em Loxosceles e cobrem tanto machos quanto fêmeas, principalmente em situação de acasalamento.

Em 2002 foram registrados 5.072 casos de acidentes com a aranha no Paraná, já em 2003 o número aumentou para 6.200 casos e ano passado voltou aos 5.700 casos. Até o mês de março deste ano foram registrados 1.270 casos de picadas de aranha-marrom.

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