Paraná não tem nada a comemorar no Dia do Rio

 Chuniti Kawamura / O Estado
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As ocupações irregulares são um dos pontos negativos de poluição dos rios.

Hoje é considerado Dia do Rio. A iniciativa de comemorar a data – que tem como objetivo salvar e dar uso racional e responsável aos mananciais – começou no Paraná com alguns municípios da Região Metropolitana de Curitiba e, em 1995, virou lei estadual. Porém, no Paraná, assim como em outras regiões do País, não se tem muito o que festejar.

Segundo o secretário de Estado do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, todos os rios que nascem ou cortam o Paraná estão, em maior ou menor grau, poluídos. Em muitos deles, os detritos se acumulam nas margens e no fundo, formando até pequenas "ilhas" de lixo. "A situação dos rios paranaenses está cada vez mais caótica", comenta a ambientalista e presidente da organização não governamental Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar), Lidia Lucaski. "A falta de água não é um problema do futuro, pois no presente já estamos sofrendo devido à escassez do produto. Atualmente, a água existente é muito pouca e ruim."

Ocupação urbana

A situação em que se encontram os rios é conseqüência da ocupação urbana. Ligações irregulares de esgoto, uso de agrotóxicos em lavouras e despejo de lixo são os principais problemas. Em serviços de dragagem realizados nos últimos anos pela Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba, chegaram a ser retirados do fundo de rios que cortam a cidade até fogões velhos, geladeiras e carcaça de veículos. "Outro problema é que, no Estado, não é cumprido o Código Florestal, de 1965, que determina que todos os rios tenham proteção florestal obrigatória de no mínimo trinta metros ao longo de suas margens. Nas nascentes, a proteção deve ser de cinqüenta metros em cada margem", declara Lidia. "A água nasce na floresta e se a cobertura florestal for inexistente não há como ela ser de qualidade. A floresta é capaz de proteger os rios das contaminações."

Ações de proteção

Embora admita que a situação seja preocupante, o secretário Cheida revela que o Estado vem promovendo ações para tentar reverter a situação atual. Nos últimos anos, foram criados o programa Mata Ciliar – que prevê o plantio de 90 milhões de mudas de espécies nativas ao longo dos rios até o final de 2006 – projetos de incentivo à agricultura ecológica e de recolhimento de embalagens de agrotóxicos, evitando que as mesmas acabem tendo como destino final as águas pluviais.

"Em janeiro de 2003, o Paraná era o décimo segundo estado da União em recolhimento de embalagens de agrotóxicos. Em janeiro de 2004, passou a ser o primeiro", afirma. "Porém, o governo não pode, sozinho, resolver o problema dos rios. Por isso, também está realizando projetos de educação e proteção ambiental voltados à comunidade. A qualidade da água é de responsabilidade de todos."

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