O secretário estadual de Saúde, Cláudio Xavier, participou nesta quarta-feira (19) de um encontro nacional para a regulamentação da Emenda Constitucional 29, realizada no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília. O Paraná foi um dos estados, junto com Minas Gerais, com participação mais significativa, através de deputados federais, secretários municipais de saúde e representantes de entidades e organismos ligados à saúde. Até o final da reunião foram obtidas as adesões de lideranças de quatro partidos, para que a emenda tenha prioridade na pauta de votação do plenário da Câmara dos Deputados.

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Participaram da reunião membros da Frente Parlamentar da Saúde e representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e entidades representativas de classe, entre outros. Depois da reunião no Auditório Nereu Ramos, o grupo se dirigiu ao Salão Verde, para entrevistas com jornalistas.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, já concordou em colocar a votação da Emenda Constitucional 29 na pauta e lideranças do PDT, do PPS, do PSDB e do PcdoB já fecharam questão para a aprovação da emenda. O deputado Osmar Serraglio, do Paraná, esteve na reunião e informou que o ministro da Saúde, José Saraiva Felipe, está se empenhando junto à direção da Câmara dos Deputados e às outras lideranças dos partidos para que a emenda seja votada ainda este ano.

A Frente Parlamentar da Saúde, que reúne parlamentares de todos os partidos, defende a votação no plenário da Câmara do Projeto de Lei Complementar (PLP) 01/2003, de autoria do deputado Roberto Gouveia e emendas dos deputados Geraldo Rezende e Rafael Guerra, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, de 2000. O projeto já foi aprovado pelas comissões de Seguridade Social, de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

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Com a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça, o projeto segue para aprovação no plenário da Câmara, exigindo o voto favorável de no mínimo 257 deputados. Aprovado na Câmara, o projeto será enviado ao Senado, onde também requer maioria absoluta para aprovação. Se aprovado nas duas casas, o projeto será enviado para a sanção do presidente da República.

O projeto regulamenta a Emenda Constitucional 29 e determina que a União destinará à saúde 10% de suas receitas correntes brutas e que estados e municípios continuam obrigados a destinar no mínimo 12% e 15%, respectivamente, dos seus orçamentos próprios à saúde. Além disso o projeto define o que são ações e serviços de saúde e quais os mecanismos de utilização, repasse e controle dos recursos.

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Segundo carta aberta do Conselho Nacional de Saúde, um dos principais problemas enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde que foi criado pela Constituição Federal de 1988 é o seu financiamento. Apesar da importância da EC29, a sua implantação vem gerando interpretações diferentes do que são despesas com ações e serviços públicos de saúde, além de não estarem contempladas no texto constitucional as fontes de recursos federais e a base de cálculo de forma adequada.

Esta situação tem contribuído para o subfinanciamento do SUS, segundo manifesto lançado pelas entidades presentes à reunião. Entre as conseqüências desse subfinanciamento, as entidades apontam a gradativa inviabilização da gestão descentralizada em decorrência de baixos tetos financeiros dos estados e municípios. Citam, também, dívidas com prestadores de serviços e fornecedores, o predomínio de valores de remuneração dos serviços abaixo dos custos e a inviabilização do modelo de atenção com base nas necessidades e direitos da população.