O Paraná é o sexto estado brasileiro com maior número de áreas com solo contaminado. A constatação é de um estudo, realizado entre 2001 e 2008, pelo Ministério da Saúde (MS), que verificou 143 áreas com solo contaminado nesse período no Estado.
Roraima foi o estado com menor número de casos, cinco, ao contrário do Rio Grande do Norte, o maior, com 306 constatações. Em todo o Brasil, 2,1 milhões de pessoas estão vivendo em áreas com níveis de exposição de contaminantes químicos. Todas residem em uma das 2.527 áreas com solo contaminado detectadas no País.
Os dados foram coletados pelos estados e municípios nesse período e transmitidos ao Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST) do MS, passando a integrar as estatísticas da Vigilância em Saúde das Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq).
No Paraná, as informações foram repassadas ao MS por meio da Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No entanto, a Secretaria informou que dados relativos a esse assunto foram coletados apenas entre 2006 e 2009.
De acordo com o órgão, foram levantadas 20 áreas em 2006, outras 20 em 2007, 30 áreas em 2008 e 105 em 2009, totalizando 175. Segundo a Sesa, os casos eram apenas suspeitas, apenas um deles, em Adrianópolis, no Vale da Ribeira, havia sido confirmado até então. A Secretaria não soube informar quantas pessoas estão sendo prejudicadas pela contaminação.
De acordo com o MS, o objetivo do estudo é avaliar os dados para subsidiar ações e medidas de prevenção, promoção e atenção integral às populações que tiveram exposição ou que moram em área de risco. Os principais contaminantes são os agrotóxicos (20%), derivados do petróleo (16%), resíduos industriais (12%) e metais (11%).
Para o diretor técnico da Minerais do Paraná S.A. (Mineropar), Rogério da Silva Felipe, o maior problema de contaminação do solo no Estado envolve metais e agrotóxicos.
“É fato que na agricultura, uma das atividades mais presentes no Estado, não há armazenamento correto em determinados casos. Além de contaminar o solo, esses produtos alcançam rios e lagos com muita facilidade, o que também gera contaminação”, comenta.
Além desse produto, Felipe conta que o trabalho com chumbo pode ser responsável por alguns dos 143 casos constatados. “A atividade do chumbo é muito presente no Vale da Ribeira, por exemplo. Naquela região, cidades como Adrianópolis são vítimas constantes do uso irregular feito com o chumbo. Não pela retirada, mas pela poeira gerada no seu uso”, diz.
O armazenamento de combustíveis em poços precários, aterros sanitários e lixões também foram apontados pelo especialista. Além de causar problemas ambientais, Felipe afirma que tais produtos químicos podem causar doenças graves na população, pois o chumbo pode ser absolvido pela respiração ou pela ingestão de partículas no ar, o que gera doenças.