Paraná define solução para evitar crises no setor da carne

O governo do Paraná vai incentivar o aumento da participação dos pecuaristas e das cooperativas paranaenses no abate e na distribuição de carne bovina. A idéia é fortalecer o setor e tornar o Estado menos vulnerável a crises como a ocorrida após o fechamento do frigorífico Margen, que mantém três unidades no Paraná.

O assunto foi discutido nesta quarta-feira numa reunião entre o vice-governador e secretário da Agricultura e do Abastecimento, Orlando Pessuti, com representantes dos pecuaristas, das cooperativas e da Federação da Agricultura do Paraná.

Segundo Pessuti, uma das idéias é fortalecer as chamadas alianças mercadológicas entre os pecuaristas, como já ocorre em Paranavaí, União da Vitória, Pato Banco e Jacarezinho.

Nas as alianças, os produtores deixam de vender os bois vivos para os frigoríficos e apenas os contrata para que abatam os animais. A negociação com os supermercados também é realizada diretamente pelos pecuaristas, o que pode aumentar suas margens de lucro. Em Guarapuava, por exemplo, os produtores estão entregando o produto diretamente para a rede de supermercados Pão de Açúcar.

A outra medida defendida por Pessuti durante o encontro é incentivar a participação das cooperativas do Estado no setor de carnes. A Cooperativa de Cascavel (Coopavel) e a de Rolândia (Corol) já estão estudam a proposta.

"As medidas visam fortalecer o setor no Estado e diminuir a dependência dos pecuaristas com os frigoríficos, em especial o Margem, que sozinho é responsável por toda a exportação de carne bovina do Estado e também responde por 40% de todo o abate realizado no Paraná", explicou.

O Margem emprega 2,3 mil pessoas e mantém unidades em Maringá, Lupionópolis e Paranavaí, onde são industrializadas cerca de 720 mil das 1,8 milhão de cabeças batidas no Estado anualmente.

"Vamos trabalhar para que os produtores ocupem espaço na industrialização e na comercialização da carne para que essa dependência excessiva diminua e o setor corra menos riscos. Como ocorreu com o setor do leite, que sequer foi afetado no Paraná após o fechamento da Parmalat", disse.

Sindicarne

Durante o encontro, o representante do Sindcarne, Péricles Salazar, afirmou que a situação do frigorífico Margen já está normalizada no Paraná e os abates serão retomados a partir da próxima semana.

Mas alertou que todos os frigoríficos do país enfrentam crise semelhante por causa da forma com que o Governo Federa cobra os tributos dos frigoríficos. O problema, segundo Salazar, ocorre na cobrança do Funrural, o fundo de previdência para os produtores rurais, e no aumento do PIS/COFINS, que nos últimos anos saltou de 3,65% para 9,25%.

"O problema é que os frigoríficos pagam INSS para seus funcionários e mesmos assim são obrigados a recolher 2,3% do faturamento para o Funrural. Na prática, eles recolhem o tributo mas não repassam para o Governo Federal. Outro incentivo para a sonegação em todo o país foi o aumento do PIS/Cofins", explicou.

Salazar afirmou que representantes do setor em todo o país defendem que o a alíquota seja reduzida de 2,3% para 0,3% ou que o tributo seja recolhido pelo Governo Federal diretamente com os pecuaristas. "Se isso não ocorrer, o setor fica inviabilizado em todo o país", disse.

Rural

O presidente das Sociedades Rurais do Paraná, Edson Name, afirmou que a cadeia produtiva da carne bovina é a mais deficiente do agronegócio paranaense, perdendo em organização e infra-estrutura para a carne suína e de frango. Ele aprovou a idéia do Governo de inserir as cooperativas no setor.

"As cooperativas têm pouca atuação no setor de pecuária de corte e este é o momento de repensar o setor para que o produtor paranaense não fique refém de um grupo que detém quase um cartel", defendeu.

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