O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, que participa em Sidney, na Austrália, da 10ª Conferência Internacional de Cidades e Portos, informou nesta segunda-feira (6) que há, dentro do evento, uma atenção especial relacionada com o meio ambiente. ?A grande preocupação gira em torno da sobrevivência das cidades com a pressão que o crescimento do transporte marítimo vem alcançando?, explicou.

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A responsabilidade ambiental, acrescentou, passou a ser o item preponderante de todo esse progresso para que não se destrua o entorno dos portos, como praias e cidades. ?No Brasil, especificamente, a importância das cidades é relevante, pois quase todas são historicamente importantes?, salientou.

Dragagem

Outro item levantado na conferência, que segue até sexta-feira (10), foi com relação à dragagem dos canais de acesso aos portos. ?Portos de todos os países possuem liberdade para contratação de dragas, livres de pressões e de lobistas, o que não acontece no Brasil, reduzindo a concorrência e aumentando os preços?, alertou.

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?Na Argentina, por exemplo, o custo da dragagem gira em torno de R$ 2,10 o metro cúbico, enquanto aqui no Brasil pagamos, em média, R$ 6,00?, comparou Eduardo Requião.

O superintendente disse, também, que o CAP ? Conselho de Autoridade Portuária ? e lobistas discutem as necessidades de dragagem e não os custos. ?Caso esses custos fossem bancados totalmente pelos operadores ? como acontece em todos os grandes portos do mundo -, aumentaria a concorrência e tanto o CAP quanto os operadores voltariam suas atenções para esses custos. A dragagem no Brasil é hoje a mais cara do mundo?, observou.

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Participação

A conferência mundial reúne representantes de 250 portos de todos os continentes mas, segundo o dirigente dos portos paranaenses, o Brasil está representado apenas pelos portos do Paraná, por um membro do governo de São Paulo e por um operador em logística, da iniciativa privada, do Rio de Janeiro.

?A pequena participação de delegações brasileiras demonstra a pouca preocupação dos dirigentes de portos e cidades portuárias com relação aos assuntos que envolvem a atividade portuária e sua interação com as cidades?, disse ainda o superintendente da Appa.

Além do superintendente da Appa, a comitiva do Paraná é integrada pelo chefe do Departamento de Planejamento, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, e pelo procurador jurídico Benedito Nicolau dos Santos Neto.

?Nossa equipe está participando de reuniões às quais estamos inteiramente integrados. As propostas contemporâneas de desenvolvimento portuário sustentável são nossas metas. Assim como no ano passado, em Portugal, no 9º encontro, tivemos a oportunidade de observar e trocar experiências – as quais resultaram na concretagem das vias de acesso e do cais do Porto de Paranaguá – agora fala-se muito também na falta de mão-de-obra especializada. Neste setor, já demos o primeiro passo, com a restauração do Colégio Brasílio Machado, que oferece cursos profissionalizantes em Antonina, mas ainda há um longo caminho a percorrer?.

A Conferência Internacional de Cidades e Portos é promovida pelo mais importante escritório de direito marítimo do mundo, o ?Gilbert Tobin?. Ao final, na sexta-feira, será redigida a ?Carta de Sidney para o Desenvolvimento Sustentável das Cidades Portuárias?.