A Secretaria da Agricultura, através da Divisão de Defesa e Sanidade Vegetal (DSV), contestou nesta sexta-feira as informações repassadas pelo Ministério da Agricultura de que o Paraná é o segundo produtor de soja transgênica do país. Segundo o diretor da DSV, Carlos Alberto Salvador, “na última safra, a área de plantio de soja em todo o Estado foi de 3,9 milhões de hectares, bem diferente dos 28,8 mil hectares divulgados pelo Ministério”.
Dessa forma, a área plantada com soja transgênica não ultrapassou 0,86% do total utilizado pela safra de 2003/2004. “Pelos dados do Ministério, a produção de soja geneticamente modificada no Estado na safra passada foi de 1,8%. A produção total de soja no Estado foi de 10,1 milhões de toneladas e mesmo que tivessem sido colhidos 1,8% de OGM, o índice seria de 0,86%”.
Para Salvador, mesmo que comprovado o índice divulgado pelo Ministério da Agricultura, ele estaria abaixo de 1%, que é o percentual permitido pelo Ministério da Justiça através do Decreto 46.080. Este decreto estabelece a obrigatoriedade da rotulagem de identificação de produtos transgênicos, quando a contaminação for superior a 1%.
Lista
Os técnicos da Secretaria da Agricultura não aceitam os dados divulgados pelo Ministério. Para eles, a comprovação dos números é difícil, uma vez que o próprio Ministério da Agricultura não atendeu a solicitação feita pela Secretaria para que divulgasse a lista com os nomes dos 574 agricultores que assinaram o Termo de Responsabilidade, para plantar soja transgênica.
De acordo com a Secretaria da Agricultura, não é possível comprovar se os 574 produtores que assinaram o termo de responsabilidade junto ao Banco do Brasil e à CEF realmente plantaram sementes transgênicas. Os produtores fizeram a declaração de que plantaram sementes sem certificação, o que não significa que estas seriam necessariamente de soja transgênica. Muitos produtores, mesmo tendo assinado o termo de compromisso, acabaram optando pelo plantio de soja convencional.
“Na última safra, a Secretaria da Agricultura identificou 31 áreas com soja transgênica num total correspondente a 499,71 hectares, portanto, muito abaixo da informação prestada pelo Ministério da Agricultura, que é de 28,8 mil hectares”, explicou o responsável pelo departamento de agrotóxicos da Secretaria da Agricultura, Alvir Jacob.
A rígida fiscalização desenvolvida pela Claspar, empresa de classificação de produtos paranaense, refugou a carga de seis mil caminhões destinados ao Porto de Paranaguá este ano por apresentaram impurezas, excesso de umidade e sementes com fungicida. Destes, apenas 722 foram devolvidos por transportarem soja transgênica.