A Secretaria da Segurança Pública do Paraná promoveu, na manhã desta quinta-feira (21), palestra sobre o Mapa do Crime ? Geoprocessamento para representantes de oito países da América Latina. A atividade faz parte da V Missão Técnica Segurança Cidadã e Prevenção de Delitos na Cidade, promovida pela Organização para o Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (Onward), em parceria com a Organização dos Estados Americanos (Oea) e a Associação dos Municípios do Paraná (AMP).
?Mostramos todo o processo de construção do Mapa do Crime desde 2003, quando passou a ser implantado no estado do Paraná. É um sistema de inteligência, que já é aplicado nos Estados Unidos e que tem produzido bons resultados no Paraná também?, disse o coronel Rubens Guimarães, diretor da Sesp, durante a abertura da palestra.
O Mapa do Crime passou a ser desenvolvido a partir de 2003, por uma equipe multidisciplinar do Governo do Estado, composta por estatísticos, policiais civis e militares e profissionais doutores, mestres e especialistas. Segundo o capitão Marcos Antônio Wosny Borba, que ministrou a palestra, durante os anos de 2004 e 2005, foram desenvolvidos os softwares e a metodologia do sistema e formada a bases de dados para gerar os mapas e estatísticas do Geoprocessamento.
A partir do início deste ano, o Boletim de Ocorrências Unificado (BOU), desenvolvido por esta equipe multidisciplinar, passou a funcionar em algumas cidades do Estado. ?Ao implementarmos a idéia de planejar as ações das polícias de forma unificada, sabíamos da necessidade de possuir um só boletim de ocorrências, para gerar base de dados também única e não causar divergências de informações?, salientou o capitão.
Ele explicou que existe a Coordenadoria da Análise e Planejamento Estratégico (Cape), na Secretaria, que realiza a análise dos mapas do crime. Dentro da Cape, um setor sócio-econômico realiza trabalhos como pesquisas de vitimização e um setor de tecnologias e cartografia digital. Os principais produtos desenvolvidos pelo Cape são relatórios de tendências criminais, relatórios estatísticos, mapas das ocorrências, entre outras ferramentas que são utilizadas para planejar as ações de segurança pública em cada região do estado. ?Com os dados estatísticos nas mãos, reunimos os chefes das áreas de segurança periodicamente para distribuirmos essas informações e cobrarmos resultados posteriores?, explicou Wosny.
?Alguns projetos da polícia paranaense são referência internacionalmente e queremos dividir essas idéias com outros países. Há sistemas muito simples e baratos, como o 181 Narcodenúncia, que produzem um resultado extraordinário e podem ser implementados em outros países tranqüilamente?, disse o presidente da Onward, Carlos Almeida.
Experiências
Representantes de países da América Latina disseram que a proposta do geoprocessamento pode ser utilizada para aperfeiçoar os sistemas já existentes em suas localidades. O assessor de Segurança Pública da Prefeitura Municipal de Medellín, na Colômbia, Yhon García, disse que em sua cidade há um sistema similar, com mapas referentes à criminalidade e uma cartografia de situações delituosas da cidade, mas a forma como o Mapa do Crime é realizado no Paraná trouxe novidades. ?O detalhamento minucioso das ruas, com os principais pontos de delitos de crimes é uma ferramenta muito interessante, que pode ser implantada em nosso sistema?, disse.
Segundo ele, a forma de fazer segurança pública na Colômbia é um pouco diferente do Brasil. ?Quem cuida da segurança dentro da cidade é a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Há uma polícia vinculada ao governo federal, mas o planejamento e as ações ficam basicamente sob a responsabilidade do município?, explicou. García contou que em Medellín existe um grupo de segurança chamado ?123?, que funciona como um conselho, contando também com a participação da sociedade e que utiliza as informações do Mapa do Crime para planejamento de ações de polícia. ?Chamamos de 123 porque este também é o número de emergências da nossa polícia, é como se fosse o 190 no Paraná?, completou.
Para o secretário da Segurança da Prefeitura de Cochabamba, na Bolívia, Carlos Rejas, o conhecimento da tecnologia utilizada no Paraná para o Geoprocessamento poderá ser levado para seu país. ?Estamos seguindo os mesmos passos para mapear o crime na cidade. Levarei as idéias expostas aqui para meu país, para que possamos implementar e melhorar o sistema que já estamos desenvolvendo, dentro das nossas possibilidades?, ressaltou. Segundo ele, a análise das ocorrências já resultou na redução da criminalidade em Cochabamba. ?Percebemos que um grande percentual da criminalidade concentrava-se na periferia e descentralizamos a ação da polícia, para que pudesse a trabalhar melhor nessas áreas de risco?, descreveu.