Segundo o jornal colombiano O Tempo, Rodrigo García, tenente de um grupo paramilitar, teria sido o responsável por passar as informações a respeito do suposto envolvimento do chefe do Exército, general Mario Montoya, com o grupo paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). García, que no submundo dos milicianos era conhecido como "Doble Cero", era chefe de uma facção das AUC e foi assassinado em 2005.
García teria passado as informações sobre a ligação de Montoya com as milícias para agentes do Departamento Americano Antidrogas (DEA), em 2004, no Panamá. Ele sofria ameaças de seus próprios companheiros paramilitares e tentava uma aproximação dos Estados Unidos para tentar deixar o país. De acordo com o jornal colombiano, o depoimento do paramilitar teria sido repassado para a CIA. "O relatório publicado pelo Los Angeles Times pode ter sido baseado nessas informações", afirma El Tiempo.
Ontem, o embaixador americano na Colômbia, Milton Drucker, visitou o general Montoya em seu escritório e disse que seu país "não tem nenhuma informação oficial" sobre o tema, além de ter oferecido desculpas pelo vazamento do documento. A barafunda começou domingo, quando o Los Angeles Times publicou um documento da CIA que mostrava que o general Montoya cooperou com os paramilitares de extrema-direita durante uma operação, em 2002, para expulsar a guerrilha de áreas pobres de Medellín. Montoya negou e o presidente Alvaro Uribe saiu em defesa do chefe do Exército.
Demissão
Hoje, o caso fez sua primeira vítima. De acordo com a TV CM&, o adido militar americano na Colômbia, Ray Vélez, foi demitido do cargo. Ele foi mencionado na matéria do Los Angeles Times e teria confirmado a versão do jornal. A embaixada americana recusou-se a confirmar se o afastamento de Velez teve relação com o caso.
O governo colombiano não descartou entrar com uma ação na Justiça contra o Los Angeles Times. "É uma possibilidade", admitiu o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. "A fonte é muito vaga e o dano foi enorme", afirmou o ministro. Carolina Barco, embaixadora da Colômbia em Washington, disse que funcionários da CIA lhe garantiram que as informações contidas no documento haviam sido elaboradas por um "terceiro país" e que não haviam sido checadas nem confirmadas.