Para Zélia, confisco da poupança foi só um ato dramático

?Poderia ter feito diferente.? Foi com essa frase que a ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello respondeu, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, se restava arrependimento da decisão de confiscar as contas de poupança dos brasileiros, tomada por ela em março de 1990, no governo do ex-presidente Fernando Collor. Para Zélia, a expressão não é a mais adequada. ?Arrependimento é uma palavra muito forte?, disse ela, após participar de um evento promovido por uma multinacional do setor imobiliário, ontem, em São Paulo. A ex-ministra falou 30 minutos sobre o ?Cenário Econômico Brasileiro? para uma platéia de cem executivos de bancos e fundos de investimento. A palestra da ex-ministra e de outros especialistas do mercado imobiliário foi seguida de almoço, em um restaurante da região dos Jardins, na capital paulista.

Na semana passada, Collor, recém-empossado senador da República, fez um mea-culpa sobre o polêmico congelamento das contas de poupança. ?Foi um erro, um excesso de voluntarismo?, afirmou o ex-presidente, exatos 17 anos depois do anúncio do Plano Collor. O plano econômico confiscou a poupança de quem tinha mais de 50 mil cruzeiros no banco, na tentativa de congelar os preços e acabar com a inflação.

?Era um momento dramático do País, que exigia medidas também dramáticas?, afirmou Zélia. Segundo ela, a inflação de 80% ao mês daquela época levou a equipe econômica a decisões ?drásticas?. Por isso, segundo ela, avaliar a decisão hoje ainda é um tarefa delicada. ?Não posso responder assim, rapidamente.? A ex-ministra, que mora há dez anos em Nova York, está no Brasil a negócios. Segundo ela, veio trazer os filhos para visitar amigos – ?deixei-os no Rio? – e aproveitou para se reunir com executivos do mercado financeiro, setor onde atua desde que deixou o governo. Deve voltar aos Estados Unidos no próximo dia 8.

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