As nações em desenvolvimento deveriam parar de culpar os países ricos pelo aquecimento global e fazer algo para impedir os efeitos catastróficos da mudança climática, disse nesta terça-feira (1.º) um integrante da delegação da União Européia (UE) que participa da reunião com representantes do mundo todo em Bangcoc.
Um esboço de relatório do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) – uma rede de mais de 2 mil cientistas, patrocinada pela ONU – está em debate na capital da Tailândia nesta semana. O texto final deve ser divulgado na sexta-feira.
A China, segundo maior emissor de gases causadores do efeito estufa, depois dos EUA, alega que os países desenvolvidos são os responsáveis pelo aquecimento global, e deveriam arcar com a maior parte do esforço para eliminar o problema. EUA e Austrália recusaram-se a assinar o Protocolo de Kyoto, que impõe cortes na poluição dos países ricos, mas poupa grandes poluidores em desenvolvimento, como Índia e China.
Mesmo sem citar países pelo nome, Tom van Ierland, um integrante da delegação européia presente à reunião de Bangcoc, pediu que os governos parem de usar a inércia dos maiores poluidores do mundo como desculpa para não fazer nada pela redução do efeito estufa. "Esperamos que esse tipo de discussão pare, porque não acreditamos que seja o debate certo", disse ele. "Alguns países usam essa retórica. É meio triste, porque há coisas a fazer."
As nações mais pobres enfrentam os maiores riscos de impacto do aquecimento global. Delegados de países em desenvolvimento expressam temor quanto aos efeitos do aquecimento global, incluindo aumento no número e intensidade de tempestades, secas e enchentes. "A África é vítima da mudança climática, não está contribuindo com as emissões de CO2", disse Younis Al-Fenadi, o único delegado da Líbia. "O relatório final deveria trazer promessas de ajuda à África, dinheiro para treinamento, planejamento e educação", sugeriu.