Para União Européia, não é hora de acordo com Mercosul

A União Européia (UE) diz que ainda não chegou o momento de colocar uma oferta melhorada para a abertura de seu mercado ao Mercosul e alerta que a conclusão do acordo entre os dois blocos está condicionada às negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), que também estão paralisadas. Bruxelas afirmou ainda que incluirá cláusulas trabalhistas e ambientais em novos acordos, o que preocupou diplomatas brasileiros.

O impasse para um acordo de livre comércio entre Europa e Mercosul dura desde 2004. Para o Mercosul, a proposta de abertura européia não era suficiente no setor agrícola, e os europeus se queixavam da falta de abertura do Mercosul nos setores industrial e de serviços.

"Vamos explorar flexibilidades (em nossa oferta) de 2004. Mas vamos fazer isso quando o momento for certo e o momento não é agora", afirmou Peter Mandelson, comissário de Comércio da Europa. "Quando esse momento chegar, caberá também ao Mercosul mostrar flexibilidade e melhorar sua oferta para que possamos completar uma negociação de forma ambiciosa", disse.

Os dois blocos terão uma reunião em janeiro. Mas Mandelson avisou que sua agenda prevê primeiro a definição do futuro da OMC. A Rodada Doha está suspensa desde julho por falta de acordo entre os países. "Estamos comprometidos com um acordo com o Mercosul (…) mas não vamos conseguir avançar até que o processo na OMC seja solucionado".

O comissário afirmou que quer uma reunião ministerial entre os principais atores da OMC para o início de janeiro. Uma outra reunião já está programada para 24 de janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos. "Mas precisamos de algo mais focado" afirmou Mandelson.

Por ora, Bruxelas autorizou o início de negociações de acordos com a Índia, Coréia do Sul, Asean (bloco de países asiáticos), países centro-americanos e a Comunidade Andina. Em todos eles, os europeus querem a inclusão de temas trabalhistas e questões sociais. Negociadores dizem que a exigência será feita ao Mercosul. "O processo ficará ainda mais complicado com esse tema rondando as negociações", afirmou um representante do Itamaraty.

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