São Paulo – A batalha envolvendo a empresa Google e o Ministério Público paulista levanta um grave problema, segundo Demi Getschko, diretor do Núcleo de Informação e Coordenação do NIC.Br, entidade executora do Comitê Gestor da Internet no Brasil: Como coibir a criminalidade na rede sem colocar em risco a liberdade de expressão e a abertura que a internet traz a todos?

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?A internet trouxe muitos valores que para nós são muito caros, que gostamos muito e temos muito apreço. São valores de liberdade de expressão, liberdade de conexão, de participação?, afirma Getschko. O problema, segundo ele, é quando essa liberdade de expressão se transforma em criminalidade na rede.

?Você tem ao mesmo tempo que combater crimes que acontecem na rede e evitar que se transformem em censura indiscriminada contra valores que a rede construiu?, disse ele, que não analisa de forma positiva a possibilidade de se tomar medidas restritivas para o acesso à internet, como foi o caso da censura chinesa. ?Esse não é o espírito da rede, não é o espírito brasileiro, não é o espírito dos internautas?.

Para ele, a única forma de se evitar a criminalidade na internet é punir os crimes imediatamente após constatados. ?A única forma é punir os crimes assim que eles ocorrem para desestimular a incidência de mais crimes?.

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No último dia 22, o Ministério Público Federal de São Paulo ajuizou uma ação civil pública solicitando que a Justiça Federal paulista obrigue a filial brasileira do Google a oferecer os dados de comunidades e perfis criminosos encontrados no site de relacionamento Orkut, que é administrado pela empresa norte-americana. Segundo uma pesquisa realizada pela organização SaferNet, o Orkut é o campeão de denúncias no Brasil de crimes de pedofilia e de ódio na internet.

Para Getschko, há dois grandes problemas envolvendo o Orkut. O primeiro é o fato do servidor estar situado nos Estados Unidos, o que não deixa claro onde o crime está sendo cometido. O outro é sobre a forma como é realizado o cadastro no site. Como não são solicitados documentos pessoais (é necessário apenas possuir um email do Google e uma senha), os dados podem não ser verdadeiros.

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?Os cadastros do Orkut não devem refletir dados reais porque quem quer fazer um crime não vai se cadastrar no Orkut dizendo quem ele é, qual o endereço dele, nada disso?, afirma. ?O que se pode conseguir do Orkut são dados de navegação que permitam ver de onde o sujeito acessou e a partir daí chegar ao provedor nacional se é que o cara acessou do país. Existe também o risco do conteúdo estar em português e o perpetrador do crime não ser brasileiro e nem estar no Brasil?, explica.

Para ele, a melhor solução para o problema envolvendo o Ministério Público e o Google seria que a empresa norte-americana liberasse os dados de seus participantes. ?Se houvesse um acordo para que eles abrissem esses dados, no sentido de permitir a investigação de quem são os responsáveis por isso, tudo seria mais fácil?, afirma.