Para promotor, assassinato de Celso Daniel pode ter sido encomendado

Brasília – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos ouve, há cerca de duas horas, promotores e delegados responsáveis pelas investigações do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. O promotor Amaro Thomé disse que as contradições dos depoimentos dos supostos assassinos do prefeito levaram o Ministério Público de Santo André a desconfiar que o crime foi encomendado.

"O relato deles não é coerente com as provas físicas e periciais. Alguns sequer reconhecem o prefeito em fotos", afirmou Thomé.

De acordo com o promotor, já existe uma ação penal que indica o empresário Sérgio Gomes da Silva, ex-segurança de Celso Daniel, como mandante do crime. O Ministério Público de Santo André já ouviu 70 pessoas no inquérito e quebrou o sigilo bancário de várias delas. Nas quebras, foram encontradas transferências bancárias das contas de Sérgio para o ex-secretário da prefeitura de Santo André Klinger de Oliveira e a namorada do prefeito, Ivone Santana.

"Essas transferências ocorriam um dia depois de Sérgio receber depósitos das empresas de ônibus de Santo André, o que revela a extensão do esquema de corrupção na cidade", destacou o promotor Roberto Wilder. Segundo ele, não se verificou nenhum indício de enriquecimento pessoal de Celso Daniel como conseqüência desse esquema, e há depósitos que revelam apenas a concordância deste com a arrecadação ilegal de recursos para o financiamento de campanhas eleitorais.

A delegada Elizabeth Sato disse que, recentemente, ouviu depoimento de uma ex-empregada doméstica de Celso Daniel, que teria revelado a existência de sacolas de dinheiro no apartamento do prefeito. "Ela contou que, um dia, chegou ao apartamento e encontrou três sacolas de supermercado na área de serviço, cobertas por um lençol, mas repletas de dinheiro. No dia seguinte, as sacolas não estavam mais lá."

Os promotores apontaram também contradições nos depoimentos do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e do ex-secretário Klinger de Oliveira na CPI. De acordo com os promotores, diferentemente do que Carvalho afirma, ele sabia do esquema de corrupção e participou da elaboração do dossiê que apontava a ação paralela dos assessores de Celso Daniel para utilizar os recursos para enriquecimento pessoal.

Além disso, os promotores afirmaram que o apelido de Sérgio Gomes da Silva, Sombra, não foi dado por eles. Segundo os promotores, o apelido já constava do dossiê e de entrevistas dadas por Sérgio a jornais do ABC, em que ele próprio falava do apelido.

Os promotores disseram ainda que João Francisco, irmão do prefeito Celso Daniel, não é lobista, como havia dito o ex-secretário da prefeitura de Santo André Klinger de Oliveira.

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