O ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira afirmou hoje à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios que nunca os deputados com quem se reuniu para tratar de cargos no governo fizeram propostas que pudessem ser consideradas indecentes. "Eu estive com vários parlamentares e, em nenhum momento, mesmo com Roberto Jefferson (presidente nacional licenciado do PTB), eles colocaram uma proposta indecente", disse.
Jefferson denunciou a existência do "mensalão", o suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares da base aliada para que agissem de acordo com os interesses da administração federal nas votações do Congresso.
Pereira disse à CPI que, no Poder Executivo, há cerca de 1.400 funcionários públicos federais em cargos de confiança que contribuem para o PT. Ele afirmou não saber, no entanto, se alguma dessas funções está ocupada por alguém em cuja nomeação que ele teve influência direta.
Pereira disse que conhece mais sobre preenchimento de cargos federais nos Estados, processo no qual teve maior participação, segundo ele.
Ao explicar o ato das nomeações, Pereira revelou que encaminhava currículos ao Executivo. O ex-secretário-geral do PT acrescentou que, no caso de indicados pelo partido, só procurava saber o que tinha acontecido quando era cobrado por alguém porque não se preocupava muito com os desdobramentos das indicações.
Pereira declarou ainda que a composição das vagas era difícil porque, muitas vezes, os petistas reivindicavam muito, mas que era necessário ceder a outras legendas.
"Sempre defendi que o governo deveria evoluir para um governo de coalizão, mas o PT vem de uma cultura exclusivista", julgou. Questionado pelo senador Demóstenes Torres (PFL-GO) sobre uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que na sigla só teriam ficado "quadros ruins", o ex-secretário-geral respondeu: "Tenho certeza absoluta de que o presidente nunca falou de quadros ruins. Isso não corresponde ao que o presidente falou."
Pereira esclareceu que não tratava de recursos de campanha quando era dirigente da agremiação. "Não tenho conhecimento pormenorizado das finanças do PT. Eu só fui testemunha da penúria dos diretórios no País ", explicou.
O ex-secretário negou, ao ser retorquido por Torres, ter participado de uma reunião do ex-presidente nacional do partido José Genoino, do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz e diretores da Gtech – empresa que renegociava um grande contrato com a Caixa Econômica Federal (CEF). "Nunca participei de reunião com a Gtech, no PT ou fora do PT."