O aumento dos protestos de ex-aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem preocupado parlamentares governistas e até os da oposição. Eles alegam que essa pressão tende a crescer, a ponto de estimular conflitos entre vários setores da sociedade, se o governo continuar apostando em projetos que, até agora, não demonstraram eficácia. Citaram como exemplo o projeto Fome Zero, o primeiro emprego e Bolsa Escola. "Se o governo não conseguir implantar políticas oficiais para atender aos pobres, essa pressão vai aumentar, é necessário ter sensibilidade para fazer investimentos para população mais carente do País", alertou o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (ES).

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O vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), relacionou oito setores que, segundo ele, estão insatisfeitos com a política do presidente Lula. São eles: servidores públicos estudantes, sindicalistas, sem-terra, sem-teto, comunidade negra, índios e os aposentados, estes últimos tidos pelo senador como os mais "irritados" com a situação, embora tenham exercido papel relevante na captação dos 52,2 milhões de votos que elegeram Lula. "Eles são formadores de opinião", justificou.

Na avaliação de Paim, o presidente tem agido como se estivesse protegido por uma "blindagem, que o impede de olhar a rua". "O governo se afastou da classe média, dos movimentos sociais organizados e consequentemente das entidades que fazem a ligação entre os mais pobres, o capital e trabalho", alegou. "Isso é uma receita pronta para não dar certo".

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), engrossou a lista de setores insatisfeitos citados por Paim acrescentando os empresários, produtores rurais, comunidade científica e outras categorias somando um número suficientes para mostrar que o desagrado com a "falta de propósitos" do governo é geral. "Lula não consegue mais fazer ôba, ôba de graça, sempre envolve cargo púbico negociado em ambientes fechados", ironizou. "O que estamos vendo é um processo doentio, de palacianismo, com certeza tem alguém no Planalto convencendo o presidente de que sua popularidade está alta e de que está tudo bem", afirmou.

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Para o líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA), os "movimentos raivosos" que antes apoiavam Lula e que agora expressam desagrado com o governo, deram início a uma nova trajetória contra a inércia do governo. "O que está havendo é uma reação pela ruptura de Lula com as propostas que o elegeram" defendeu.

O vice-líder do PMDB, senador Romero Jucá (RR) acredita que o descontentamento parte de setores que não tiveram suas reivindicações atendidas. "O PT sempre esteve do lado que fazia reivindicações, agora é governo e não pode gastar o que não pode", afirmou. "Quem estica a corda é a oposição porque joga sem limites", resumiu.

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O líder deu um voto de confiança ao presidente ao dizer que ele tem feito o que é possível para atender inúmeros setores. Segundo ele, isso ficará claro no final do governo, quando "serão detectados avanços beneficiando várias áreas da população".