Brasília – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera trabalho decente aquele que é produtivo, adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, eqüidade e segurança e capaz de constituir uma vida digna. Mas, ainda de acordo com a entidade, as condições de emprego no mundo estão longe do ideal: metade dos trabalhadores – 1,4 bilhão de pessoas – vive atualmente com menos de US$ 2 por dia, abaixo da linha de pobreza. Na América Latina, 53% da População Economicamente Ativa não têm emprego formal.

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De acordo com a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo, as diferenças são ainda maiores com relação ao mercado de trabalho para mulheres e negros. "A discriminação e a desigualdade de gênero e raça no Brasil não são um problema de minorias, mas da maioria da sociedade. Mulheres e negros correspondem a quase dois terços da população economicamente ativa e estão em uma situação de desvantagem em todos os indicadores do mercado de trabalho. A nosso ver, a discriminação de gênero e raça constituem os eixos estruturantes dos padrões de desigualdade social no Brasil", explicou.

Para tentar reduzir as diferenças sociais no mercado de trabalho, principalmente entre raças e etnias, a OIT debate em Brasília, até quarta-feira (28), os resultados de dois projetos – o de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero e Raça, Erradicação da Pobreza e Geração de Emprego e o de Eliminação da Discriminação Racial no Emprego. "É preciso haver um diálogo social como instrumento da construção de políticas públicas para a redução das desigualdades no mercado de trabalho", disse Laís.

A diretora da OIT ressaltou que a redução das desigualdades de gênero, raça e etnias no mercado de trabalho ainda está longe do ideal porque, segundo ela, essa não é uma realidade que se muda da noite para o dia. "Desigualdades em termos de renda, de acesso ao emprego de qualidade e de trabalho decente. As diferenças são muito grandes entre homens e mulheres, negros e brancos. Grandes, profundas e são impossíveis de serem superadas num período curto de tempo, mas o importante é uma consciência, cada vez maior, do que é necessário enfrentar", destacou.

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