O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9% em 2006 ante 2005 foi considerado "uma boa, embora não retumbante, surpresa" pelos técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Seade, que esperavam um patamar menor. Este desempenho econômico consolida, segundo eles, uma tendência de que, para cada ponto porcentual de crescimento do PIB, a taxa de desemprego recue 0,5 ponto porcentual, pelo menos na Grande São Paulo.
"Durante algum tempo, houve discussão sobre qual seria o equilíbrio da relação entre PIB e emprego. Falava-se de um para um, de um ponto de PIB para queda de 0,3 ponto de desemprego, mas não havia certeza sobre esse dados. Nos últimos anos, parece ter consolidado essa relação, porque, na média, em 2006, o PIB cresceu 2,9% e a ocupação subiu na casa de 1,5% a 1,8%", analisou o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
Segundo ele, essa relação deve ser considerada "preocupante", já que, só na Grande São Paulo, a taxa de desemprego atingiu 14,4%, em janeiro. "Se for essa relação de fato, precisaremos de um PIB de 7%, 8% para atingirmos um patamar razoável de contingente de desempregados", analisou. "Algo ainda não contemplado nas projeções mais otimistas", acrescentou.
Na visão do gerente de Análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) pela Fundação Seade, Alexandre Loloian, o dado mais relevante da divulgação do PIB feita hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi o crescimento de 3,8% do quarto trimestre de 2006 sobre igual período de 2005.
"O crescimento é forte porque o quarto trimestre de 2005 já havia sido bom. Esse desempenho dá uma puxada forte no calendário, mas ainda não sabemos se vai se manter ou não", comentou Loloian.
De toda maneira, ele projetou um cenário positivo para o conjunto do ano, considerando pontual a recente volatilidade no mercado financeiro trazida da Ásia e mantendo a perspectiva de continuidade do crescimento da economia dos Estados Unidos.